Destaque: Sucesso do BAI “empurra” ENSA para a bolsa de valores
O processo de privatização da ENSA Seguros afinal vai seguir para a bolsa de valores depois do Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE) pôr fim à fase de alienação de 51% do capital social por via de um concurso Limitado por Prévia Qualificação, justificando que as propostas apresentadas não reflectem o valor da empresa.
Na prática, o processo de alienação da seguradora volta à fórmula inicial, já que a ENSA estava para ser a primeira empresa a ser privatizada em bolsa no âmbito do Programa de Privatizações (ProPriv). O processo do concurso agora interrompido esteve aberto desde 10 de Junho de 2021. O IGAPE diz que atraiu o interesse de vários investidores, quer angolanos, quer estrangeiros, mas só sete submeteram as propostas que não reflectiram o valor real da maior seguradora do mercado nacional.
Em resposta a um pedido de esclarecimentos do Expansão, o IGAPE justificou que a desmobilização dos investidores foi essencialmente provocada pela pandemia que se instalou e que refreou as intenções de investimento por todo o mundo.
Por isso, o IGAPE decidiu promover um novo processo de privatização da seguradora via bolsa para alienação de um bloco de acções. Até porque o processo de inauguração da bolsa que resultou na venda da participação indirecta do Estado no BAI abriu essa porta.
Ainda não se sabe quando é que o processo de privatização da seguradora vai seguir em bolsa porque, de acordo com o IGAPE, de momento “é prematuro” avançar mais sobre o procedimento, até porque a sua concretização caberá ao intermediário financeiro que terá que ser contratado mediante procedimento concursal a realizar.
“Com a consolidação do desempenho económico e financeiro da ENSA e a melhoria do contexto macroeconómico de Angola, existem condições para se privatizar a empresa por via de uma operação em bolsa que consistirá na alienação de um bloco de acções que abarque tranches destinadas a parceiros da indústria, capazes de agregar valor e know-how à ENSA, a colaboradores e a pequenos subscritores em geral”, refere a resposta do organismo público.
Ainda assim, na resposta ao Expansão o IGAPE escusou-se a revelar o valor das supostas propostas apresentadas pelos investidores, e também não soube responder sobre como será a alienação dos blocos de acções via bolsa em termos de percentagem das acções e conforme serão parceladas.
A ENSA estava para ser a primeira empresa a inaugurar a venda de acções na Bolsa de Dívida e Valores de Angola BODIVA em duas fases. Mas o processo parou – até porque a empresa não reunia as condições para enfrentar um processo destes – para ir a concurso Limitado por Prévia Qualificação.
Pedro Fuquila, consultor de seguros, acredita que a ENSA só voltou à primeira ideia de alienar parte das acções em bolsa por causa do sucesso do BAI na BODIVA, porque foi a primeira instituição financeira a abrir esse caminho e teve êxito. “Todos estamos acompanhar o processo do BAI que está sendo bem encaminhado por pessoas que dominam o processo e está a servir de trampolim para outras empresas nacionais, como é o caso da ENSA.
Em Angola, como um País emergente, existem soluções que não estão ainda a ser exploradas, então é lógico que quem explora primeiro acaba por ser aquele que pensa um pouco fora da caixa e arrisca em fazê-lo. E como o IGAPE já constatou que este é o caminho bom então acredita que vai valorizar mais a sua empresa na bolsa”, sublinha.
Fonte: Expansão