Político do MPLA e general na reserva Kundi Paihama quer trocar banca pela agricultura. Depois de perder um banco em que detinha maioria do capital, Kundi Paihama recusa-se a falar desse negócio. Mas não fecha portas à possível entrada num negócio financeiro virado ao agronegócio.
O deputado do MPLA e general na reserva Kundi Paihama vai apostar na agricultura, depois de ter assistido à liquidação do Banco Angolano de Negócios e Comércio (BANC) pelo banco central, onde detinha um capital acima dos 80%, revelou o próprio ao VALOR.
A decisão de se focar agora no sector agrícola surge pouco menos de dois meses desde que o seu banco foi dado como incapaz de continuar operações no mercado nacional, “no âmbito das medidas de reposição dos níveis de liquidez e de solvabilidade do BANC”, após anúncio de indisponibilidade dos accionistas de acorrerem ao aumento de capital determinado pelo regulador. “Já não quero mais falar nisso. Vou-me dedicar a outras acções. Vou-me dedicar à agricultura. Quero apostar na agricultura”, avançou o general Kundi Paihama.
O general e deputado, que detinha o banco com mais sete parceiros, com destaque para o accionista colectivo Caixa de Segurança Social das Forças Armadas de Angolanas (FAA), admite que “não conhecia bem os meandros do negócio”, além de ter reforçado que “nunca” recebeu um kwanza do banco. “Chegou até onde chegou. É algo não comentável mais para mim”, lamenta o também empresário que agora vai aplicar recursos no cultivo da terra, apesar de não ter detalhado o investimento.
A decisão de se focar agora no sector agrícola surge pouco menos de dois meses desde que o seu banco foi dado como incapaz de continuar operações no mercado nacional, “no âmbito das medidas de reposição dos níveis de liquidez e de solvabilidade do BANC.
Não é primeira vez que Kundi Paihana se mostra inclinado para a agro-pecuária. Numa das edições do extinto ‘Semanário Angolense’, o histórico político do MPLA chegou a admitir que detinha, em 2010, cinco mil cabeças de gado, fazendo alusão ao investimento nesse ramo quando se dirigia a um grupo de representantes de associações de antigos combatentes. Nove anos depois, admite iniciar um negócio financeiro voltado ao agronegócio, mas que “tudo vai depender das pessoas”. Ou seja, para o empresário, é necessário que os parceiros sejam conhecidos, ao entrar nos negócios. “
Tudo vai depender. Também preciso de trabalhar com pessoas coerentes e sérias. No meio disto tudo, dei conta também de algumas rasteiras”, lamentou, fazendo alusão à forma como foi gerido o BANC até ser decretado como falido.
O APOIO À AGRICULTURA.
Se Kundi Paihama entrar no agronegócio, o investimento poderár e forçar a estratégia já seguida pelo Banco de Investimento Rural (BIR) uma sociedade anónima sedeada em Malanje, criada “essencialmente para financiamento de acções ligadas ao desenvolvimento rural, sobretudo no sector agro-industrial”.
Segundo os mentores do BIR, o investimento, com estas características, visa “proporcionar a oferta de produtos e serviços bancários aos operadores, empresários e instituições que exercem negócios ligados directa ou indirectamente às actividades do meio rural, através da operacionalização de uma relação comercial com os seus clientes, financiando projectos dos ramos da agricultura, agro-indústria e pecuária, avicultura, aquicultura e outros, que contribuam para a dinamização da sua cadeia de valores”.
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COMO PAIHAMA PERDE BANC.
Numa nota publicada no seu portal, o BNA informou que os accionistas do BANC se mostraram indisponíveis para reforçar o capital social, passando dos anteriores 2,5 mil milhões kwanzas para os actuais exigidos 7,5 mil milhões.
Desde então, o conselho de administração do BNA deliberou a adopção de medidas de saneamento do BANC, que culminaram com a suspensão do órgão de administração daquela entidade, bem como a nomeação de administradores provisórios.
Segundo o BNA, as medidas de saneamento visavam, entre outros, a“reposição dos termos de sustentabilidade financeira e operacional do banco, harmonizando-as com as normas vigentes para o exercício da actividade comercial bancária no país”.
Fonte: Valor Económico.