Candidatos angolanos disputam a compra de 48,1% do Banco de Fomento Angola, em negociação desafiadora
Grupo angolano Carrinho e a Gemcorp, uma gestora de fundos com sede no Reino Unido, estão atualmente na corrida para adquirir a participação de 48,1% que o BPI detém no Banco de Fomento Angola (BFA). O BPI, instituição financeira controlada pelos espanhóis do CaixaBank, estabeleceu o valor mínimo de 411 milhões de euros para a venda desse ativo.
Ambos o grupo Carrinho e a Gemcorp apresentaram propostas que atendem às exigências do BPI e já avançaram para a segunda fase de negociações. Conforme informações do Negócios, os dois candidatos devem apresentar suas ofertas finais de compra ao longo do mês de julho.
Essa é a terceira tentativa do BPI em vender sua participação no BFA desde 2017, devido à pressão do Banco Central Europeu (BCE). O regulador europeu não reconhece a equivalência bancária em Angola, o que implica que a supervisão do Banco Nacional de Angola (BNA) não seja reconhecida pelo BCE, obrigando o BPI a constituir provisões.
O BFA possui ativos totais no valor de cinco mil milhões de euros, aproximadamente 2,6 milhões de clientes e uma quota de mercado de depósitos de 14,5% em novembro. Essa transação pode ser classificada como uma venda forçada, devido às circunstâncias envolvidas.
Para facilitar a operação, o BPI contratou a Exotix, uma boutique financeira especializada em fusões e aquisições na África.
O grupo Carrinho, que tem foco em atividades industriais, ganhou destaque durante o mandato presidencial de João Lourenço e já possui o controle de dois bancos, o Banco de Comércio e Indústria (BCI) e o Banco Keve. Em dezembro de 2021, o Carrinho adquiriu o BCI por 29,3 milhões de dólares, marcando a primeira grande privatização através da bolsa em Angola. O grupo também detém 30% do Banco Keve, que apresentou um plano de recapitalização ao BNA no final de 2022. Importante destacar que o Banco Keve conta com acionistas classificados como Pessoas Politicamente Expostas (PEP), como o general Higino Carneiro, figura influente no MPLA e ex-governador de Luanda, e o ex-ministro das Finanças, José Pedro Morais.
A Gemcorp, por sua vez, é uma candidata à aquisição de 48,1% do BFA. A empresa possui uma importante atividade em Angola no financiamento de grandes obras, tendo iniciado suas operações no país em 2007. Um exemplo do seu envolvimento é a participação na construção da nova refinaria de Cabinda, bem como na reabilitação e expansão das redes de transmissão da Angola Telecom. O fundador da Gemcorp é Atanas Bostand
Jornal de Negócios