Em Destaque – Secretário-geral da ONU enaltece bravura de Nzinga Mbandi
O secretário-geral das Nações Unidas ONU, António Guterres, enalteceu, em Nova Iorque, Estados Unidos da América, a bravura e resistência da rainha angolana Nzinga Mbandi.
O reconhecimento foi feito terça-feira numa sessão da Assembleia Geral da ONU dedicada ao Dia Internacional em Memória às Vítimas da Escravatura e do Comércio Transatlântico de Escravos, assinalado a 25 de Março.
Na sessão, realizada sob o tema “Histórias de coragem e resistência à escravidão e unidade contra o racismo”, o representante permanente adjunto de Angola na ONU, João Gimolieca, disse que a data serve para destacar a herança demográfica, cultural e ideológica do continente africano.
Lembrou que durante mais de 400 anos o continente africano viu os seus filhos (homens e mulheres) serem comercializados como escravos, através do Oceano Atlântico, para a América do Norte, América do Sul e Europa.
De acordo com o embaixador angolano, o tráfico transatlântico de escravos foi, certamente, a maior migração forçada da história, com cerca de 20 milhões de homens, mulheres e crianças como vítimas.
Acrescentou que a actual situação económica e social de África está intrinsecamente ligada às consequências do tráfico de escravos.
“A história mostra que o período entre os séculos XVI e XIX foi de estagnação económica para África, que ficou cada vez mais para trás do progresso económico à medida que os anos passavam”, sinalizou.
Afirmou, por outro lado, que, apesar das consequências económicas terem sido as mais evidentes, o comércio atlântico afectou gravemente a paisagem política de África e criou precedentes perturbadores para o futuro.
Politicamente, sublinhou, a intervenção brutal e arbitrária e as guerras resultantes das competições entre os governantes africanos rivais pelo controlo da captura e comércio de escravos deixou o continente em situação política frágil.
João Gimolieca fez saber que a Constituição da República de Angola condena os crimes contra a humanidade cometidos durante a escravatura e o tráfico transatlântico de escravos, causas da profunda desigualdade económica e social, ódio, fanatismo e racismo, que continuam a afectar pessoas afro-descendentes em todo o Mundo.
Além de Angola, intervieram na sessão representantes do Lesotho, em nome do Grupo Africano, Nauru (Ásia e Pacífico), México (América Latina e Caraíbas), Bélgica (Europa Ocidental e outros Estados), bem como EUA, Barbados, Haiti, Guiné Equatorial e a Federação Russa.
Fonte: Angop