Determinados círculos sociais e políticos em Benguela receiam o incumprimento da promessa de 500 mil postos de trabalho feita pelo então candidato a Presidente da República João Lourenço, em 2017, na campanha eleitoral.
Promessa de 500 mil postos de empregos.
Martins Domingos, activista social, critica o facto de o Governo de João Lourenço estar em demasia focado nas estratégias de como responsabilizar aqueles que, alegadamente, delapidaram o erário, no âmbito do combate à corrupção, quando o básico, à luz das promessas eleitorais, não está a ser garantido para a população.
Para o activista, os projectos delineados a pensar numa juventude desempregada, com destaque para o Balcão Único de Empreendedor (BUE), Cartão Jovem, entre outros, fracassaram.
De acordo com Martins Domingos, tudo não passa de promessas eleitorais de alguém que esteve à procura do voto popular. “Não vão conseguir atingir esses números (500 mil)”, receia.
Apesar de o Presidente da República, João Lourenço, ter aprovado uma série de medidas para inverter a tendência de desemprego no país, Martins Domingos disse tratar-se de uma aproximação ao cidadão tendo em vista as eleições autárquicas previstas para 2020, sustentando, contudo, que o Plano de Acção para Promoção da Empregabilidade é prova disso mesmo.
“Para que os cidadãos venham novamente a ajudar o Governo a renovar os mandatos a nível dos municípios, é importante dizer que todo o projecto ligado ao emprego deve, também, ser acompanhado com a dinâmica do nosso país. A nossa economia anda altamente destruída”, adiantou.
Em conferência de imprensa realizada recentemente em Benguela, o secretário da JURA, braço juvenil da UNITA, David Sabino, criticou o Governo por aquilo que considera de incumprimento das promessas feitas a uma juventude que acreditava em João Lourenço, há dois anos na chefia do Estado.
O jovem político desabafou dizendo que “de teoria o povo está farto. São muitas promessas, como a dos 500 mil empregos. Esta promessa falhou, claramente, não é neste mandato. Tem faltado vontade política para se fazer as coisas’’, reforçou Sabino.
Dados governamentais apontam que o desemprego em Angola está a afectar mais de três milhões e 600 mil angolanos em idade activa, um aumento de 8,8 por cento da taxa.
De acordo com um Decreto Presidencial tornado público recentemente, o Plano de Acção para Promoção da Empregabilidade (PAPE) até 2021 absorverá 21 mil milhões de kwanzas do Orçamento Geral do Estado (OGE), prevendo-se que a verba promova a inclusão financeira de jovens.
Expectativa de novos empregos
Entretanto, o presidente do Conselho Provincial da juventude, Lucas Katimba, discorda da posição dos dois primeiros interlocutores.
Segundo argumenta, a injecção de 21 mil milhões de kwanzas, por via de um Decreto Presidencial, poderá criar empregos directos e indirectos e, por essa via, revitalizar pequenas empresas.
“Com a formação profissional pelo INEFOP (Instituto Nacional Emprego e Formação Profissional), poderá haver a criação de emprego. Essa multiplicação de empregos, a sua soma, a nível nacional, poderá não só atingir, por exemplo, os a promessa de 500 mil postos de empregos, mas uma cifra maior que irá, significativamente, reduzir o número de jovens no desemprego”, considera.
Recuperação de fábricas
À margem do I Conselho Consultivo do sector da indústria, que avaliou em Benguela o sector em vários domínios, o empresário Victor Alves lamentou o facto de não se vislumbrar um programa de recuperação de algumas fábricas de grande dimensão que poderiam absorver uma parte de jovens desempregados, sobretudo no litoral de Benguela. “Discutimos e falámos muito de coisas que não interessam. É necessário fazer a agro-indústria, aí, sim, teremos sucessos. Você tem aqui em Benguela a Lupral, onde trabalhei 12 anos, paralisada”, afirmou.
Para combater o desemprego, defendeu que se ponha em funcionamento várias fábricas adormecidas na província, como é o caso da fábrica de óleo da Catumbela, que a fonte disse que anteriormente servia de motor do desenvolvimento também do país.
“Você tem a fábrica de óleo na Catumbela, mas importamos óleo mesmo com muito girassol. Portanto, falamos muito mas não avançamos para a prática, mesmo com milhares de terras para alimentar África, para não falar da Europa’’, desabafou.