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Marido vende a casa com sua família no interior

Notícias de Angola – Marido vende a casa com sua família no interior

O Informativo Angolano soube que, o acusado é um agente de segunda da Polícia Nacional, que atende pelo nome de Zelmar Ventura de Carvalho, descrito pela mulher e os vizinhos como uma pessoa violenta. Esteve detido durante uma semana por violência contra a mulher, mas o processo terá sido arquivado e ele restituído a liberdade, em função das suas infl uências. Neste momento, a mulher e as duas fi lhas estão ao relento.

Marido vende a casa
Marido vende a casa

Já foi vítima de violência doméstica em várias ocasiões, sendo que na última briga, em Julho do 2018, Nazaré Velasco viu o companheiro a meter os seus pertences fora de casa diante do olhar dos vizinhos. Ficou abrigada com as duas fi lhas em casa de uma vizinha durante uma semana, tendo de seguida decidido ir ficar algum tempo em casa da mãe até acalmarem-se os ânimos, o que durou dois meses.

Foi o tempo suficiente para o marido, Zelmar Ventura de Carvalho, agente de segunda da Polícia Nacional (PN), decidir vender a casa T2, com quintal, localizado no Zango 0. Nazaré foi alertada pelas vizinhas que só se aperceberam que o imóvel foi vendido depois que o novo proprietário estacionou um camião com os seus pertences.

Inconformada, Nazaré decidiu recorrer ao Instituto Nacional da Criança (INAC), denunciando também o facto de o marido se ter recusado a sustentar as fi lhas num certo período. Diante da funcionária desta instituição, Zelmar explicou que apenas arrendou a casa, pelo que a assistente o aconselhou a arrendar uma outra para a mulher e as filhas.

O agente da PN seguiu a orientação do INAC e escolheu o Cazenga, uma área em que ambos passaram parte da infância, como o local ideal para a esposa e as fi lhas residirem. Entretanto, face a tudo o que vivia, Nazaré decidiu pôr fi m a relação com Zelmar, a partir da quele momento a relação. A interlocutora explicou que Zelmar nunca se conformou com a separação e sempre que fosse ver as fi lhas desejava entrar nos outros compartimentos da casa, passar as noites e ser tratado não só como pai, mas também como marido, algo a que ele nunca permitiu.

Como forma de retaliação, o acusado não renovou a renda da casa em que alojara a família, no Cazenga, onde havia pago apenas dois meses. Dias depois, confessou à mulher que vendeu a casa do Zango. A angústia de Nazaré prende-se também com o facto de o seu ex-companheira não ter respeitado os esforços que despendera não só durante todas as fases da construção da moradia como quando o terreno ainda era baldio. “Nós vivemos durante 10 anos.

Fiquei muito abalada porque eu sofri durante a construção da quela casa. Até água acarretei para levantarem os muros”, frisou. Acrescentou de seguida que “a minha mãe disse que tenho casa e não posso voltar mais pra lá porque seria uma forma de tirar a responsabilidade dos ombros do pai das fi lhas”. Nazaré confi denciou a este jornal que Zelmar tem uma outra relação, aonde também tem duas fi lhas. Segundo conta, além da casa em que ele vive com a outra família, tem outra casa que encontra-se arrendada.

Pertences sabotados Dias depois de fi car a saber que a casa que ajudou o seu ex-marido a erguer, para as duas fi lhas, tinha sido vendida o desentendimento entre ambos se estendeu aos familiares. Zelmar, segundo ela, terá concertado com os seus familiares para recuperarem os bens materiais adquiridos durante o relacionamento.

Na sua ausência, os parentes do seu ex-marido arrombaram a porta de uma casa onde se instalou provisoriamente depois de ser despejada pelo senhorio e se apropriaram indevidamente da maioria dos seus pertences. “Nem sequer a arca e a botija deixaram.

Não sei como fazer alguma coisa para as crianças comerem”, disse, acrescentando que tem recebido telefonemas e mensagens intimidatórias do pai das fi lhas, algumas das quais fez questão de mostrar a OPAÍS. Face ao sucedido, disse que a Polícia aconselhou-a a não fi car na casa com a porta arrombada sob pena de ser surpreendida por Zelmar e seus familiares.

Nos últimos 10 dias, esteve abrigada na casa de uma amiga, mas esta faleceu-lhe um ente-querido e infelizmente Nazaré sentiu-se no dever de sair com as fi lhas.

Vizinhas constrangidas

A equipa de reportagem de OPAÍS saiu do Cazenga, onde estão os pertences de Nazaré, para o Zango a fi m de abordar a pessoa que terá comprado a residência, no entanto, não foi bem-sucedida. O comprador que não se encontrava em casa no momento da nossa visita. As vizinhas dizem ser testemunhas que Nazaré foi vítima de violência doméstica por várias ocasiões, durante os anos que viveu no Zango com a família.

A vizinha que foi uma das primeiras a alertar Nazaré que a sua casa tinha sido vendida, cujo nome omitiu com receio de sofrer represália, desabafou que “apesar que das brigas do casal nunca pensou que ele chegaria ao ponto de vender a casa e deixar a família na rua”.

Outra vizinha, que reside no Zango há mais de cinco anos, também mostrou-se constrangida com a atitude do seu ex-vizinho e espera que as autoridades resolvam a situação com a celeridade que o assunto merece.

Detido e solto várias vezes Em algumas partes do corpo de Nazaré ainda são visíveis as marcas das agressões de que foi vítima durante anos. Realçou que sempre que fez participação às autoridades policiais mais próximas de casa, somente numa ocasião teve êxito.

O companheiro foi detido e solto dias depois, em virtude das suas infl uências como agente da Polícia. Explicou que o Zelmar já chegou a agredi-la na rua diante dos vizinhos e das fi lhas.

Nazaré desabafou estar agastada pelas inúmeras queixas feitas, sem resultados palpáveis. Contou que a última denúncia foi feita, na semana fi nda, no piquete do Comando da Divisão do Cazenga, vulgo Esquadra do IFA.

No local, foi informada que o processocrime aberto em função da queixa que apresentara ainda estava, entretanto, não lhe foi dada nenhuma informação satisfatória. “Na última vez fi cou detido seis dias e quando saiu, telefonou para mim a rir-se…”, frisou. Acrescentou de seguida que “disse-me que como pensei que fi caria detido muito tempo, agora vou ver o que me vai fazer. Estou cansada de andar nas instituições e não ver esse problema solucionado”, esclareceu.

Fonte: O País

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