Notícias de Angola – Caso Lussaty: Kopelipa nega envolvimento nos milhões desviados da Presidência
Como testemunha do caso Lussaty, o antigo ministro e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, o general Manuel Vieira Dias “Kopelipa”, negou última quarta-feira, 12, qualquer envolvimento ou conhecimento do desvio de milhões de dólares da presidência.
Ao falar como testemunha no julgamento do major Pedro Lussaty e mais 48 arguidos, num caso envolvendo o desvio de milhões de dólares, Kopelipa disse que a planificação e execução orçamental da Casa de Segurança da Presidência da República não era de sua responsabilidade, mas admitiu que lhe cabia aprovar os gastos. Interrogado sobre como eram fiscalizadas as verbas o general disse que isso era de responsabilidade do secretário geral Luis Simão Ernesto.
“O secretário-geral elaborava com os demais órgãos e a mim cabia apenas aprovar”, disse. Os réus são acusados de crimes de peculato, associação criminosa, recebimento indevido de vantagens, participação económica em negócios e abuso de poder e também de fraude no transporte ou transferência de moeda para o exterior do País, comércio ilegal de moeda, falsificação de documentos, branqueamento decapitais e de falsa identidade.
Milhões de dólares e euros foram alegadamente encontrados na posse de Lussaty que era também proprietário de vários edifícios e carros de luxo. Kopelipa disse que o dinheiro encontrado no apartamento de Lussaty ou na sua posse não saiu da Casa de Segurança, acrescentando que este orgão nunca fez pagamentos em dólares ou euros. Durante o julgamento, testemunhas disseram que malas con dinheiro tinham sido entregues a diversos dirigentes para pagamentos a familiares, incluídos em listas salariais, suborno de elementos da UNITA e para ajudar o MPLA. Essa declaração“é falsa”.
O general Kopelipa era bastante esperado pelos advogados de defesa, para esclarecer dentre outras questões a famosa “ordens superiores” para esses pagamentos, que era citada por quase todos os arguidos.
O oficial superior das Forças Armadas Angolanas, de 69 anos de idade, disse àquele tribunal reconhecer alguns dos arguidos aí presentes, “mas apenas pelos rostos”, tendo indicado apenas dois. Questionado se conheceu Major Pedro Lussaty, Kopelipa, afirmou que sim, mas que dependia de um dos seus subordinados.
Por unanimidade, o leque de advogados insistiu em saber, sendo o General Kopelipa, o gestor principal da Casa de Segurança, em algum momento deu conta da dissipação de verbas da Casa de Segurança e quem foram as pessoas que provocaram este desviou. O general respondeu:
“No meu consulado não fui informado deste facto” disse, acrescentando ter tomado conhecimentos “apenas pela opinião pública”. Ele negou um testemunho que disse que o general tinha ordenado a inserção de nomes nas brigadas de desminagem. Em relação à existência de trabalhadores fantasmas nas listas de pagamentos , o general Kopelipa disse: “não ouvi falar sobre este facto” e acrescentou que a casa de Segurança nunca fez pagamentos a quaisquer activistas políticos “nem do MPLA, FNLA nem da UNITA”.
Kopelipa disse ainda que em 2008 a 2016, houve alteração nas estruturas militares por terem precisado mais pessoal para participarem de desminagem. “Foi aí onde houve uma alteração no orçamento da Casa de Segurança… mas sempre com a autorização superior”, disse.
Kopelipa disse ao tribunal que os milhões encontrados na posse de Pedro Lussaty não saíram da casa de Segurança. “A justiça deve investigar de onde saiu o dinheiro do Lussaty. Não foi da Casa de Segurança de certeza absoluta”, afirmou o general Manuel Hélder Vieira Dias Júnior.
O advogado de Pedro Lussaty Francisco Muteka reafirmou que face a isto tinha ficado estabelecido que o seu cliente não cometeu qualquer crime na Casa de Segurança e que como já tinha ditto deve ser absolvido.
A afirmação de Kopelipa já tinha sido feita anteriormente em tribunal por Luís Simão Ernesto, antigo secretário-geral da Casa Militar do presidente angolano que afirmou também não ser possível que os milhões de dólares encontrados na posse do Major Pedro Lussaty tivessem saído daquela instituição. Após o seu depoimentos Kopelipa recusou-se a falar a jornalistas em frente ao edifício do tribunal.
Nesta terça-feira o Tribunal, ouviu dentre outras testemunhas o antigo governador do Cuando Cubango e ex-Comandante da região militar do Cuando Cubango, general Eusébio de Brito Teixeira, que negou várias acusações que pesavam contra si. Entretanto, o irmão de João Lourenço, general Cerqueira Lourenço, foi dispensado por se entender esclarecido os assuntos no interrogatório de Kopelipa.
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Fonte: Voa