SÃO PAULO – O Infomativo Angolano soube que, os trabalhadores da mineradora brasileira Vale, almoçavam quando uma represa que continha resíduos caiu, enterrando o restaurante e a comunidade em torno de lama marrom-avermelhada, matando pelo menos sete pessoas e deixando até 200 desaparecidos.
Desaparecidos após o desabamento de uma barragem
O estado dos trabalhadores e outros cidadãos na cidade de Brumadinho, era desconhecido na sexta-feira, horas depois o presidente Jair Bolsonaro e outros funcionários, classificaram o sucedido como sendo uma “tragédia”. Sete corpos foram encontrados no final da sexta-feira, de acordo com um comunicado do gabinete do governador de Minas Gerais.
Mas o medo era de que haveria muitos mais à medida que as equipes de resgate e recuperação escavavam os pés de lama. O diretor-presidente da Vale, Fabio Schvartsman, disse que não sabia o que causou o colapso. Dos 427 trabalhadores que estavam na mão quando a barragem desabou, 279 foram contabilizados, disse a empresa em um comunicado.
“As vítimas principais eram nossos próprios trabalhadores”, disse Schvartsman em entrevista coletiva na noite de sexta-feira, acrescentando que o restaurante onde muitos comiam “foi enterrado pela lama na hora do almoço”.
Depois que a represa desabou, partes de Brumadinho foram evacuadas e os bombeiros resgataram pessoas em helicópteros e veículos terrestres. O canal de televisão local TV Record mostrou um helicóptero pairando a poucos centímetros do chão, enquanto tirava as pessoas cobertas de lama do lixo. Fotos mostravam telhados sobre um extenso campo de lama, que também cortava estradas. O fluxo de resíduos chegou à comunidade vizinha de Vila Ferteco e a um escritório administrativo da Vale, onde se encontravam os funcionários.
“Nunca vi nada igual”, disse Josiele Rosa Silva Tomas, presidente da associação de moradores de Brumadinho, “Foi horrível a quantidade de lama que assumiu.” Silva Tomas disse que estava aguardando notícias de sua prima, e muitos que ela sabia estavam tentando receber notícias de seus entes queridos.
Os bombeiros publicaram uma lista de 187 pessoas que foram resgatadas durante a tarde. Mais de 100 bombeiros estavam no local e outros 200 deveriam chegar hoje sábado 26.
Outra barragem administrada pela Vale e pela mineradora australiana BHP Billiton entrou em colapso em 2015 na cidade de Mariana, no estado de Minas Gerais, resultando em 19 mortes e forçando o abandono de centenas de pessoas de suas casas. A notícia foi considerada como o pior desastre ambiental da história brasileira, deixando 250 mil pessoas sem beber água e matou milhares de peixes.
Estima-se que 60 milhões de metros cúbicos de resíduos tenham inundado rios e acabado por fluir para o Oceano Atlântico. Schvartsman disse que o que aconteceu na sexta-feira foi “uma tragédia humana muito maior do que a tragédia de Mariana, mas provavelmente o dano ambiental será menor”.
O presidente Jair Bolsonaro, que assumiu o cargo em 1º de janeiro, lamentou pelo sucedido e enviou três ministros para a área. Jair Bolsonaro planejou visitar a área afetada de helicóptero hoje sábado. O líder da extrema-direita fez campanha com promessas de impulsionar a economia do Brasil, em parte pela desregulamentação da mineração e outras indústrias. Grupos ambientalistas e ativistas disseram que o último vazamento ressaltou a falta de regulamentação. “A história se repete”, tuitou Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente e três vezes candidata à presidência.
Desaparecidos após o desabamento de uma barragem “é inaceitável que o governo e as empresas de mineração não tenham aprendido nada”. Os rios de resíduos de mineração provocaram temores de contaminação generalizada. Segundo o site da Vale, o lixo da mina, muitas vezes chamado de rejeito, é composto principalmente de areia e não é tóxico. No entanto, um relatório da ONU descobriu que os resíduos do desastre de 2015 “continham altos níveis de metais pesados tóxicos”. A Vale é a maior empresa de mineração do Brasil. Duas horas depois do acidente, suas ações caíram 10% na Bolsa de Nova York.