Mundo – Ex-Presidente do Egipto Mohammed Morsi morre na cadeia
O Informativo Angolano soube que, Morreu hoje na cadeia o Ex-Presidente do Egipto, Mohamed Morsi, noticiou a televisão estatal, indicando que Morsi desmaiou após uma audição em tribunal.
Mohamed Morsi foi eleito em 2011, na sequência da revolução que ficou conhecida como a “Primavera Árabe” e que colocou um ponto final no mandato de Hosni Mubarak.
Mohamed Mohamed Morsi Issa al-Ayyat, eleito em 2012 como o 5º Presidente da história do seu país. Entre 30 de Abril de 2011 e Junho de 2012 foi presidente do Partido da Liberdade e da Justiça, partido político fundado pela Irmandade Muçulmana após a Revolução Egípcia de 2011.
Formação e carreira política
Morsi estudou engenharia na Universidade do Cairo e doutorou-se na mesma área nos Estados Unidos, na “University of Southern California”. Ainda nos Estados Unidos, actuou durante alguns anos como professor auxiliar, e lá também nasceram dois de seus cinco filhos, que têm nacionalidade americana. Em seguida, Morsi iniciou a carreira de professor no Egipto, na Universidade de Zagazig, dirigindo o Departamento de ciências dos materiais.
Entre 2000 e 2005 exerceu mandato parlamentar, eleito por meio de uma candidatura formalmente independente, mas apoiada pela Irmandade Muçulmana. Durante o mandato, destacou-se como brilhante orador. Em 2005, não conseguiu a reeleição e alegou que o processo tinha sido fraudado.
Com a fundação do Partido da Liberdade e da Justiça, Morsi foi escolhido pela Irmandade Muçulmana para ser o primeiro líder do novo partido. No primeiro turno das eleições presidenciais do Egipto, foi o candidato mais votado (aproximadamente 24%), competindo em um segundo turno contra o candidato independente Ahmed Shafiq.
Foi anunciado vencedor do 2º turno das eleições presidenciais do Egipto, a 24 de Junho de 2012, obtendo 13.230.131 votos (51,73% do total), apoiado pela Irmandade Muçulmana ante 12.374.380 votos do rival (48,27%) Ahmed Shafiq. Assumiu no dia 30 de Junho como o primeiro Presidente eleito do país após a revolução. Deixou de fazer parte da Irmandade Muçulmana, declarando a sua intenção de ser o presidente de todos os egípcios, mencionando explicitamente a minoria cristã (Coptas).
Em 12 de Agosto de 2012 demitiu várias altas patentes militares, a começar pelo seu líder Mohamed Hussein Tantawi, substituindo-os por militares da sua confiança. Ao mesmo tempo revogou algumas disposições de estatuto constitucional, ditadas imediatamente antes da sua eleição pelo Conselho Supremo das Forças Armadas com a intenção de limitar as competências presidenciais, salvaguardando as do Conselho. As medidas presidenciais de 12 de Agosto foram consideradas como actos de afirmação do poder civil face ao poder militar. O seu governo, a nível das relações exteriores, foi marcado por um rompimento com o Estado sírio e pelo apoio a rebeldes líbios.
Manifestações anti-Morsi
No início de Novembro de 2012 tiveram início as primeiras grandes manifestações anti-Morsi, que tinham como alvo o projecto da constituição que estava a ser elaborado por uma assembleia constituinte dominada por grupos islamitas. Frente aos protestos, Morsi publicou um decreto que concedia a si mesmo amplos poderes, o que intensificou os protestos. Para reduzir as tensões, após dias de grandes manifestações, Morsi concordou em reduzir os seus poderes.
No final do mês, a assembleia constituinte apresentou a versão final da nova constituição, o que gerou uma nova onda de protestos de liberais, secularistas e cristãos coptas. Em resposta, Morsi publicou um decreto determinando que as Forças Armadas protegessem as instituições nacionais e os locais de votação para garantir a realização do referendo sobre a nova constituição, que foi realizado no dia 15 de Dezembro, e resultou na aprovação do novo texto constitucional.
Semanas após a aprovação da nova constituição, tiveram início violentos confrontos entre opositores e apoiantes de Morsi, em cidades próximas ao Canal de Suez, que deixaram mais de 50 mortos, que foram contidos por meio do emprego de força militar. No dia 29 de Janeiro de 2013, o general Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, na época chefe das forças armadas, advertiu que a crise política pode “levar a um colapso do Estado”.
No final de Abril, o movimento Tamarod (Revolta) deu início a uma colecta de assinaturas contra o governo de Morsi, que pedia novas eleições presidenciais.
No dia 29 de Junho, na véspera da data de um ano do início de seu mandato, Morsi fez um discurso com um tom conciliador, no qual admitiu que “cometeu muitos erros” e que eles “precisavam ser corrigidos”. No dia seguinte, milhares de manifestantes tomaram às ruas em todo o Egipto.
A 1 de Julho, os militares deram um ultimato para que Morsi atendesse às demandas do público dentro de 48 horas. Em resposta, afirmou que ele era o líder legítimo do Egipto, e que qualquer esforço para tirá-lo à força poderia mergulhar o país no caos. Textualmente disse: “A legitimidade é a única maneira de proteger nosso país e evitar derramamento de sangue, para passar para uma nova fase.”
A 3 de Julho, o exército suspendeu a Constituição e anunciou a formação de um governo interino tecnocrata, em resposta, Morsi denunciou o anúncio como um “golpe”, e foi levado pelo exército para um local desconhecido.
Em Julho de 2013, as Forças Armadas do Egipto, lideradas pelo general Abdel Fattah el-Sisi, anunciaram a deposição de Morsi do cargo de Presidente do país. Encarcerado pelos militares, foi acusado de incitar a violência no país, espionar para organizações estrangeiras (como o Hamas e o Hezbollah) e de cometer actos de traição contra as leis da nação. Morsi negou as acusações e afirmou ser um político perseguido.
Os seus partidários se opuseram à sua derrubada organizando um acampamento de protesto que durou semanas, até que, a 14 de Agosto de 2013, o exército reprimiu os protestos e destruiu o acampamento, numa acção que resultou em mais de mil mortes. Um ano após o golpe que removeu Morsi do poder, o general Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, um dos responsáveis por tê-lo deposto, foi eleito o novo Presidente do Egipto.
Condenação
Em 21 de Abril de 2015, o tribunal condenou Morsi e outros 12 réus a prisão por tortura de manifestantes e de incitação à violência. Todos os 15 réus foram absolvidos das acusações de assassinato. O juiz proferiu uma sentença de 20 anos para Morsi e os outros que foram condenados. Morsi ainda enfrentou julgamentos separados por espionagem, terrorismo e fuga da prisão.
Um tribunal egípcio condenou Morsi à morte a 16 de Maio de 2015 por uma fuga em massa de uma prisão em 2011. As sentenças de morte no país precisam ser levadas para análise do Grande Mufti, a mais alta autoridade religiosa do país e existe a possibilidade de recurso na Justiça, mesmo que o líder religioso mantenha a decisão.
Um tribunal egípcio condenou a 18 de Junho de 2016 Mohamed Morsi a uma nova pena de prisão perpétua num caso de espionagem em benefício do Qatar. Um tribunal de recurso anulou, a 15 de Novembro do mesmo ano, a condenação à pena de morte do ex-presidente Morsi e ordenou um novo julgamento num tribunal criminal.