Notícias de Angola – Ex-ministro das Finanças, Armando Manuel, acusado de diversos crimes, é nomeado para liderar Fundo Soberano
O ex-ministro das Finanças, Armando Manuel, foi nomeado hoje para liderar o conselho de administração do Fundo Soberano de Angola, apesar de enfrentar acusações de diversos crimes. Armando Manuel substitui Carlos Alberto Lopes, que havia sido nomeado pelo Presidente da República em 2018. A nomeação foi anunciada por meio de uma nota da Casa Civil, que também informou sobre a exoneração de Laura Alcântara Monteiro, de administradora executiva, e a nomeação de Igor Ricardo de Pina Lima para o seu lugar. Os demais membros do conselho de administração do fundo foram reconduzidos em seus cargos.
Armando Manuel ocupou o cargo de ministro das Finanças entre 2013 e 2016 e atuou como assessor de política econômica do Presidente da República e do Fundo Soberano e Desenvolvimento de Angola. Em 2020, foi nomeado diretor executivo do Grupo Banco Mundial para Angola, Nigéria e África do Sul.
No entanto, Armando Manuel enfrenta acusações de peculato, desvio de fundos, branqueamento de capitais, associação criminosa, abuso de poder e nepotismo, entre outros. Em 2019, ele estava sendo investigado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em um processo relacionado a crimes de peculato, corrupção e participação econômica em negócios, todos puníveis pelos artigos 313 do código penal.
Desde então, o assunto tem sido alvo de especulações na opinião pública, que questiona o motivo do silêncio em torno do processo. Exige-se que a PGR faça justiça e responsabilize os envolvidos pelos atos ilícitos cometidos, levando em consideração a importância do aspecto temporal nesses casos. Segundo uma fonte da PGR, o processo contra Armando Manuel não foi arquivado e está em andamento em segredo de justiça. Um processo-crime está em instrução preparatória envolvendo o ex-ministro das Finanças e outros indivíduos, e Armando Manuel será constituído arguido assim que o processo for concluído.
Vale ressaltar que, em 2012, o Ministério das Finanças, sob a tutela do então ministro Carlos Lopes, celebrou um contrato com a Empresa Novinvest S.A. para a compra de andares em um edifício em Luanda. A Novinvest S.A., associada aos interesses empresariais do vice-presidente Manuel Vicente e do jurista Carlos Feijó, assinou posteriormente contrato com a Casanova-Home & Office, Lda para a execução de trabalhos de instalação de escritórios no edifício durante o mandato de Armando Manuel como ministro das Finanças. O Ministério gastou uma quantia significativa para essa operação.
Além disso, Armando Manuel esteve envolvido na expropriação ilegal de um terreno pertencente a uma camponesa, que acabou morta de forma suspeita. Diante desses acontecimentos e no contexto do combate à corrupção e recuperação de ativos desviados dos cofres públicos, espera-se que os órgãos de investigação e a Procuradoria-Geral da República ajam de acordo com a lei, garantindo que a culpa não fique impune.