Notícias de Angola – CASA-CE: 8 deputados independentes abandonam
grupo parlamentar da coligação
O Informativo Angolano soube que, os oito deputados independentes da Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral, (CASA-CE), anunciaram hoje, em Luanda, que decidiram abandonar o Grupo Parlamentar.
Em conferência de imprensa, o deputado Leonel Gomes, que leu a declaração, argumentou que face à violação sistemática dos acordos com os líderes políticos que fazem parte da coligação, foram obrigados a abandonar o grupo parlamentar.
Segundo, Leonel Gomes, algumas das razões para esta decisão resultam da interferência do Tribunal Constitucional (TC) que inviabilizou a transformação da CASA-CE em partido político tendo o seu acórdão esvaziado o papel dos independentes.
“Os partidos políticos desmantelaram os órgãos eleitos no congresso. Depois existe chantagem com ameaças de que quem não se coligar a um partido político, será expulso”, denunciou Leonel Gomes, salientando que agora vão “vão transmitir ao presidente da Assembleia
Nacional, a posição que tomaram”.
Com este abandono dos oito independentes do grupo parlamentar, que era composto por 16 eleitos, a CASA-CE não perde o estatuto de formação política com a 3a maior representação na Assembleia Nacional.
Esta iniciativa é uma consequência da recente decisão do Colégio Presidencial em demitir o seu líder, Abel Chivukuvuku, anunciada na terça-feira, tendo o mesmo órgão escolhido para líder André Mendes de Carvalho, tal como Abel igualmente independente e até aqui líder do grupo parlamentar da CASA-CE.
Na ocasião, o 2o vice-presidente da Coligação, Alexandre Sebastião André, explicou que o órgão determinou a demissão do líder da Coligação por “quebra de confiança”, acrescentando que o seu comportamento estava a prejudicar os interesses da organização política e a dividir os seus membros.
O dirigente da Coligação afirmou que se tratou de uma “decisão muito reflectida” e acrescentou que as atitudes do até agora líder e dos seus apoiantes visavam levar à “implosão” e à “inviabilização” da CASA-CE enquanto força política com forte presença na sociedade angolana.
A justificação ao pormenor para esta pesada decisão.
Os partidos políticos que integram a CASA-CE acusaram Abel Chivukuvuku de “apadrinhar” uma serie de anormalidades protagonizadas por independentes, o que criou mau clima na organização.
O vice-presidente do colégio presidencial, Alexandre Sebastião André, revelou que desde que despoletou a crise, há um ano, os independentes, como é o caso de Abel Chivukuvuku, mas também do novo coordenador, Adriano Mendes de Carvalho, têm realizado actividades à margem da coligação.
“A reunião dos líderes políticos da coligação decidiu por unanimidade indicar uma personalidade neutra para substituir o actual presidente da coligação. Por isso, elegemos André Mendes de Carvalho como novo coordenador”, anunciou Alexandre Sebastião André, salientando que a posição tomada por eles não é de ânimo leve.
“Nos últimos tempos constatamos que o líder da nossa Coligação já não estava preocupado com o futuro”, disse, referindo-se às eleições autárquicas e gerais.
“Fomos obrigados tomar está posição para salvarmos a CASA-CE”, referiu, fazendo questão de sublinhar que na CASA-CE “não há independentes”, o que significa que quem se afirma como independente “é dissidente”.
Alexandre Sebastião André lembrou que o agora ex-líder da Coligação tem, de há seis anos até agora, pressionado os partidos que fazem parte da Coligação a fundirem-se num só contra a vontade dos seus presidentes e, “por não atingir os seus objectivos, vem estimulando os independentes a realizarem práticas que lesam e lesaram a coligação”.
Segundo Alexandre Sebastião André, Abel Chivukuvku “criou as condições para dividir os independentes”.
Chivukuvuku garante que decisão do seu afastamento é ilegal
Nas primeiras palavras proferidas em reacção à sua demissão, Abel Chivukuvuku disse que está a lidar com a situação “sem preocupação” porque se trata de uma decisão “sem força legal”, sublinhando que compete apenas ao Tribunal Constitucional determinar quem é líder da CASA-CE.
A par da ausência de preocupações, o agora demitido da liderança da Coligação garantiu ainda que não foi surpreendido com a posição assumida pelos lideres dos partidos que compõem a formação política porque é o epílogo de “algo que vem se arrastando já há alguns anos”.
“Primeiro foram quase todos os independentes dos órgãos, depois foram os secretários províncias e eu fui o último que querem afastar”.
Na reacção a estas palavras de Chivukuvuku, em declarações ao NJOnline, o membro do Colégio Presidencial (CP), Manuel Fernandes, disse que ao afastar Abel Chivukuvuku da liderança da coligação, os partidos não incorreram em nenhuma ilegalidade, contrariando assim o que este afirmou na quarta-feira, defendendo a ilegalidade do seu afastamento.
“A destituição do presidente da coligação depende do consenso dos partidos políticos desta organização e é o que fizemos. Não há nenhuma ilegalidade”, explicou Manuel Fernandes, reagindo às declarações de Abel Chivukuvuku.
Nas últimas eleições gerais, realizadas em Agosto de 2017, a CASA-CE aumentou quase para o dobro a sua votação a nível nacional, com 639.789 votos, correspondendo a 9,45%, duplicando o número de deputados, para 16, ficando atrás apenas do MPLA e da UNITA, na terceira posição.
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Fonte : NJonline