Os prejuízos do Banco de Poupança e Crédito (BPC) encolheram 84% para 83,2 mil milhões Kz em 2021 face aos históricos 524,9 mil milhões registados em 2020, de acordo com o relatório e contas referente ao exercício financeiro do ano passado. Destaque para o crescimento em 31% da margem financeira com juros e rendimentos similares o que segundo responsáveis do banco significa que o processo de reestruturação começa a dar sinais positivos.
Também o upgrade do rating soberano de Angola de Caa1 para B3 pela agência de notação financeira Moody”s em Setembro do ano passado, contribuiu também para a queda dos prejuízos no caso do BPC e para a melhoria dos resultados da generalidade dos bancos, já que uma melhoria no rating traduz- -se numa redução da probabilidade de default do Estado em relação aos títulos de dívida que os bancos têm nas suas carteiras de crédito. Com esta melhoria no rating, os bancos reverteram provisões constituídas no exercício financeiro anterior, o que melhorou resultados.
Face a 2020, o auditor externo, a Crowe, apresentou mais uma reserva, totalizando duas. Numa delas diz que não consegue “aferir com rigor”o valor da imparidade associada ao crédito malparado (uma vez que o banco diferiu por três anos o reforço de imparidades na rubrica de outros activos), bem como a elementos extra patrimoniais. O auditor adianta que durante o exercício corrente, o Banco foi alvo de um ataque cibernético significativo aos seus sistemas informáticos, que embora não tenha atingido a informação “core”, afectou significativamente os processos internos, acrescentando que por isso não “foi possível analisar e validar integralmente o processo de compensação do banco” cujo registo está incluído nas rubricas “Outras disponibilidades” no montante de 106,5 mil milhões Kz e “Recursos entre outras instituições de crédito” no montante de 87,3 mil milhões Kz e, consequentemente, aferir qual o valor do eventual impacto, se existir, nas presentes demonstrações financeiras.
Há seis anos que o maior banco público regista prejuízos: 29,5 mil milhões Kz em 2016; 73,1 mil milhões em 2017; 26,9 mil milhões em 2018; 404,7 mil milhões em 2019, 524,9 mil milhões em 2020 e, agora, 83,1 mil milhões em 2021. Ao todo são mais de 1,1 biliões Kz. O programa de reestruturação do maior banco público apontava o regresso aos lucros em 2021 (131,7 mil milhões Kz mas registou prejuízos de 524,9 mil milhões) e pre[1]via um resultado líquido positivo de 166,9 mil milhões Kz em 2021, o que contrasta com os prejuízos de 83,1 mil milhões realmente alcançados. Ainda assim, a administração já admitiu publicamente que lucros só depois de 2023, quando estiver concluído o plano.
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