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UNITEL: Rússia pode ajudar a desbloquear estrutura acionista

Notícias de Angola – UNITEL: Rússia pode ajudar a desbloquear estrutura acionista

De costas viradas, o Estado, através da Sonangol, e a empresária Isabel dos Santos, apoiada pelos parceiros da Geni, vão continuar a travar uma guerra aberta. A operação de venda dos 25% que a brasileira Oi tem na Unitel poderá ter assumido agora novos contornos depois desta semana o Presidente angolano ter estado na Rússia.

Conforme o Expresso noticiou em primeira mão, há um grupo de empresários angolanos interessados em comprar essa participação na maior operadora de telecomunicações móveis de Angola. Mas fontes de um dos acionistas acreditam que “essa venda não vai desbloquear nada”.

À margem da cimeira promovida por Vladimir Putin com os países africanos, João Lourenço aproveitou a sua presença em Sochi para fechar um bilionário empréstimo do Sbersbank para tentar dar um outro rumo à estrutura acionista da Unitel, que neste momento é detida em partes iguais (25%) pela Oi, Sonangol, Isabel dos Santos e Geni (do general ‘Dino’).

Mas, vítima da precariedade da sua própria estratégia de comunicação, esta operação acabaria, porém, por ser eclipsada pela presença na cimeira de Isabel dos Santos.

“Os russos demonstraram com muito pragmatismo que em política não há delicadeza, há interesses e poder”, disse o sociólogo Joaquim Maia.

E com pragmatismo acenaram a Luanda com um cheque de 1,3 mil milhões de dólares, depois do BTV, outro banco russo ter recusado fazer o empréstimo.

Do outro lado, Angola adiantava com uma garantia para caucionar a operação que, segundo apurou o Expresso, poderá ter como um dos principais beneficiários o empresário Agostinho Kapaia, líder do grupo Opaia.

Candidato a próximo Presidente da Câmara do Comércio de Angola, alguns analistas advertem que a condição de pessoa exposta politicamente (PEP) deste empresário — é membro do comité central do MPLA — pode vir a condicionar a renovação das licenças tecnológicas à Unitel.

O nome da Sonangol, detentora de 25% da Unitel, chegou também a ser avançado como potencial comprador das ações da Oi, mas Baltazar Miguel, administrador financeiro da petrolífera angolana, contactado pelo Expresso, negou qualquer participação da empresa no negócio.

Depois da proposta de Isabel dos Santos ter sido considerada pelos brasileiros como inferior ao valor dos ativos da Oi, Adalberto Gerónimo, especialista em telecomunicações, considera que “o empréstimo bancário russo resolverá apenas o problema dos brasileiros, que receberão o dinheiro e vão embora”.

Por isso, chegou também a vez de os angolanos da Geni, liderados pelo general Leopoldino Nascimento, não se mostrarem dispostos a ficar de braços cruzados.

“Como ninguém quer deixar em mãos alheias um ativo que vale cerca de 6 mil milhões de dólares e como ninguém declinou o direito de preferência, vão, seguramente, concertar posições com Isabel dos Santos e exercer o direito de preferência, porque o dinheiro não é problema…”, disse ao Expresso uma fonte do Ministério das Telecomunicações que acompanha este dossiê.

Mas, consciente do poder das telecomunicações como arma de arremesso político, João Lourenço não parece igualmente disposto a abrir mão do seu controlo.

É que ninguém perde de vista que, além de ser o maior empregador privado do país com mais de 2000 trabalhadores, nos anos de maior rentabilidade a Unitel chegou a faturar 1,3 mil milhões de dólares, distribuindo lucros próximos dos 600 milhões de dólares.

“O Estado faz bem em intervir para restabelecer a harmonia interna, mas a melhor solução talvez fosse a detenção de uma golden share que, a exemplo do que ocorreu em Portugal com a PT e com a EDP, lhe atribuiria poder de decisão em determinadas matérias”, defende um antigo colaborador do Presidente Eduardo dos Santos.

De costas viradas, o Estado através da Sonangol e a empresária Isabel dos Santos apoiada pelos parceiros da Geni vão, desta forma, continuar a travar uma guerra aberta sem fim à vista.

Uma guerra que ameaça a partir de agora ensombrar também ainda mais as parcerias repartidas entre si quer ao nível do BFA quer ao nível do Banco Económico.

“O atual impasse poderia ser ultrapassado através de uma reestruturação da estrutura societária da Unitel e a colocação em bolsa de ações que poderiam ser adquiridas pelos empresários interessados”, disse ao Expresso o consultor económico Galvão Branco.

Mas a existência de um monopólio ao nível das infraestruturas de apoio tecnológico à telefonia móvel detido pela Unitel está a ser visto como um obstáculo à entrada de novos operadores internacionais no mercado local.

E o clima de indefinição não deixa de acelerar a degradação da imagem da empresa e de deteriorar a qualidade da prestação de serviços. EXPRESSO

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