Notícias de Angola – Combate à Corrupção: Analista pede transparência sobre activos recuperados pela PGR
O Procurador Geral da República (PGR), Hélder Pitta Grós, anunciou nesta terça-feira, em Luanda, que o Estado recuperou nos últimos três anos, activos financeiros e não financeiros avaliados em mais de cinco mil milhões de dólares do processo do combate à corrupção. A propósito, o Correio da Kianda ouviu o analista em questão da Divida Pública, Manuel Pembele Mfulutona, que entende que exige transparência na gestão dos activos recuperados.
Para Manuel Pembele Mfulutona o maior problema no país não está na divulgação dos activos recuperados, mas sim, na falta de transparência da gestão dos mesmos dinheiros.
O também economista entende que a PGR e o governo devem informar a sociedade os destinos que estão a ser dados aos mais de cinco mil milhões de dólares recuperados dentro e fora do país, tendo sugerido, a título de exemplo, a construção e requalificação de estradas, construção de residências para as pessoas que estão em zonas de riscos, escolas e centros de saúde, para “dar dignidade aos cidadãos que vivem em situação de extrema pobreza”.
De acordo com o consultor econômico, o valor recuperado do combate a corrupção, deve ser transferido para as contas públicas, ao passo que ao mesmo tempo devem ser tornado público, desde as comissões bancarias e qual será o valor liquido que entra para Angola e o que fica para o exterior.
O especialista em Gestão da Divida Pública informou que o país não começa com o processo de recuperação de dinheiro hoje, recordou que em 2007, o país teve mais de 17 mil milhões de dólares nos bancos da Suíça, numa altura em que se esperava que o governo angolano devia declarar, que segundo o entrevistado, “infelizmente não veio acontecer e até ninguém sabe o destino dado daquele dinheiro”.
Manuel Pembele disse ainda que a falta de transparência é que tem levado ao colapso do país, questionando o destino dado as malas de dólares encontradas na Africa do Sul e os contentores de dinheiros que tem sido encontrado em fazendas dentro e fora de Luanda. Para o gestor “há sim necessidade de transparência na aplicação do uso destes dinheiros na vida dos cidadãos”.
O também director geral da AJUDECA louva a iniciativa de recuperação de activos, mas apela a clareza da sua aplicação. “Se conseguíssemos ter o destino deste dinheiro, naturalmente estaríamos aplaudindo fortemente a recuperação”, disse e sublinha que “enquanto o destino não aparece a recuperação nos preocupa, porque continuamos com a pratica do fluxo de financiamento ilícito que periga o bem estar do povo Angolano”.
Durante o seu discurso de ontem, o procurador Geral fez saber que “ a PGR ainda neste período, em alguns processos e noutros arrestados bens imóveis, constituídos com fundos públicos existe o valor de mais de 12 mil milhões de dólares, dos quais seis mil e 700 milhões em Angola e o restante no exterior com destaque para Portugal, Reino Unido, Holanda, Luxemburgo, Mónaco e outros”.
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Fonte: Correio Kianda