Skip to content Skip to footer

Isabel dos Santos diz que nunca foi favorecida pelo pai

Notícias de Angola – Isabel dos Santos diz que nunca foi favorecida pelo pai

Isabel dos Santos afirma que Portugal tem um “preconceito” contra empresários angolanos e que há uma “caça às bruxas” contra a sua família. “Não sei se sou a mulher mais rica de Angola” disse Isabel dos Santos.

Em entrevista ao Observador, Isabel dos Santos nega ter sido favorecida pelo pai, fala das acusações de irregularidades no BIC Portugal e conta que não vai a Angola há mais de um ano porque tem medo.

É uma entrevista rara, não só por ser alguém que dá poucas entrevistas, sobretudo em Portugal, mas também porque a conversa não tem limite de tempo. Talvez por isso, pouco foi deixado ao acaso.

Isabel dos Santos recebe a equipa do Observador no Hotel Ritz, em Lisboa, onde reservou duas salas. Consigo tem os assessores que a acompanham em Portugal e, além das câmaras do Observador, o momento é também registado em fotografia e em vídeo pela equipa da empresária angolana.

Num dia de caos em Lisboa por causa da depressão Elsa, aquela que é considerada a mulher mais rica de África que haveria de dizer que não sabia sequer se era a mulher mais rica de Angola chega sorridente, com um conjunto de papéis na mão, que a acompanham durante a entrevista, mas a que pouco recorre.

Ao longo da entrevista, tenta traçar uma linha clara entre José Eduardo dos Santos pai e José Eduardo dos Santos Presidente da República, para garantir que nunca foi beneficiada por causa do apelido ou teve acesso a negócios pela mão da família. Foi nomeada para a Sonangol pelo pai? “Não, fui nomeada pelo governo.” O governo era presidido pelo pai? “Não, o governo era presidido pelo Presidente”. Até porque diz que o pai, em casa, “só preside ao almoço”.

 

A questão dos cargos atribuídos a si e a irmãos seus (de quem diz ter algum distanciamento) durante o mandato do homem que governou Angola durante 38 anos é afastada como sendo “ridícula”, desvalorizando a coincidência de quatro filhos de José Eduardo dos Santos terem sido escolhidos para empresas de grande relevo no país.

“O trabalho que fiz na Sonangol foi um trabalho extraordinário”, repete, insistindo que é preciso olhar para lá do parentesco.

Não sabe dizer durante a entrevista quantas empresas tem, no total, quanto faturam ou quantos impostos pagam em Angola, por serem “valores muito altos” e considerar inútil fazer essa contagem, mas insiste que nunca lidou com dinheiros públicos, explicando, por exemplo, a participação da Empresa Nacional de Distribuição de Electricidade angolana na sua entrada na portuguesa Efacec como uma forma de poupança da ENDE, por causa da dupla tributação.

Garante que as acusações de Ana Gomes, que começou a ser julgada esta semana por ter dito que Isabel dos Santos lavava dinheiro, são falsas e encontra uma justificação para elas na “relação muito próxima” da antiga eurodeputada com o ativista e jornalista angolano Rafael Marques.

Sobre as fragilidades na prevenção do branqueamento de capitais que o Banco de Portugal encontrou no BIC (de que a empresária detém 42,5%), reveladas numa reportagem da SIC, diz que foram herança do BPN, que o banco comprou, e fala em preconceito com os investidores angolanos.

Sobre a situação política e económica em Angola, lamenta que o programa do MPLA não seja capaz de tirar o país da crise, admitindo mesmo não votar no partido em próximas eleições, se a política se mantiver.

Mais que isso, revela que não vai a Angola há mais de um ano e meio. Nesse período, a Procuradoria-Geral angolana confirmou a abertura de uma investigação a decisões suas na Sonangol, mas a empresária garante que a sua ausência do país se deve ao facto de o crime ter transformado o país num local pouco seguro, com muitos assaltos e homicídios.

Mesmo assim, insiste: “A situação política em Angola hoje é uma caça às bruxas, disso não há dúvidas. Se me pergunta se há uma perseguição à família do antigo Presidente dos Santos, sim, há, isso é claro”.

C/ Observador

Leave a comment

0.0/5