Notícias de Angola – Presidente da República “salva” Mara Quiosa da “punição” da FLEC-FAC
Apesar de o Presidente da República, João Lourenço, ter tentado justificar as últimas mudanças no seu Governo, a realidade é que a transferência da ex-governadora de Cabinda, Mara Regina da Silva Baptista Domingos Quiosa, para a província do Cuanza Sul, se deveu às ameaças recentemente proferidas pela Frente para a Libertação do Estado de Cabinda – Forças Armadas Cabindesas (FLEC-FAC).
No dia 12 deste mês, a FLEC-FAC divulgou um comunicado em que instruía directamente os seus militares a deter e punir a ex-governadora de Cabinda e o comandante da Região Militar de Cabinda, tenente-general Tukikebe Tussen dos Santos “Chinês” em resposta à acção militar realizada pelas Forças Armadas Angolanas (FAA) na localidade de Lukula, na República Democrática do Congo, que resultou na morte de seis civis “angolanos”.
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De acordo com fontes consultadas pelo Imparcial Press, a ameaça da FLEC-FAC colocou em alerta os oficiais do Serviço de Inteligência e Segurança de Estado (SINSE) local, que sugeriram a sua retirada daquele território, que enfrenta uma guerra civil desde 1975.
As fontes consultadas pelo Imparcial Press foram unânimes em considerar perigosas as declarações dos independentistas de Cabinda, que são apoiados – em todos os sentidos – pela maioria da população local, que acusa o governo angolano de “ocupacionista”, tendo em conta a localização geográfica daquele território.
Este jornal soube ainda, junto de fontes da Cidade Alta, que a decisão do Presidente da República de transferir Mara Quiosa para a província do Cuanza Sul foi tomada à última hora, após ouvir o apelo do SINSE, pois o seu nome não constava na lista inicial das mudanças previstas para segunda-feira, 15 de Julho.
Contudo, ontem, ao presidir a cerimónia de tomada de posse das novas ministras e governadoras, o Presidente João Lourenço justificou a movimentação da seguinte forma:
“Há o caso de quem já era governador e foi movimentado. Estou a referir-me à atual governadora do Cuanza Sul, que vem de Cabinda; ao atual governador do Huambo, que vem do Bié. As pessoas, às vezes, interrogam-se: mas, então, se estavam a fazer bom trabalho, por que é que saem? E eu, meio a brincar, digo que saem para desempenharem a função de bombeiro. Portanto, se fizeram bom trabalho onde estavam, o que esperamos é que venham a fazer igual ou melhor nas províncias para onde foram indicados agora.”
Fonte: Imparcial Press