Notícias de Angola – Políticos ‘mixeiros’ organizam-se para ‘abocanhar’ dinheiros da campanha eleitoral
Em política, principalmente angolana, há actores que só aparecem em fases eleitorais, onde quase não há tanta coisa, mas, como concorrente, é possível amealhar alguma gorjeta que permite sobreviver nos cinco anos seguintes.
Tal como em 2008, em 2012 e também nas eleições de 2017, tivemos políticos que apenas apareceram no período eleitoral e depois, frustrados com os resultados que obtiveram, desapareceram na cena política. Tudo indica que os desígnios das formações concorrentes têm isto tão forte, que uma derrota é suficiente para cair e não mais se levantar.
Nisso tudo, seja quem perde e desiste definitivamente, como quem perde e desaparece para ressurgir apenas noutra eleição, acabam tendo a mesma expressão diante de quem vota, porque sobressai a ideia de que apenas se candidatam para a satisfação de interesses pessoais. Abandonam aqueles que depositaram confiança neles por longo período ou definitivamente.
Depois de pouco mais de uma dezena de formações em 1992 terem concorrido, em 2008, algumas formações políticas como o Partido Democrático Angolano (PDA), o Partido Socialista Angolano (PSD) e Partido Republicano Angolano (PREA) reprovaram logo na primeira fase, por não terem reunido alguns requisitos.
Isso reduziu sobremaneira para cinco o número de formações políticas com assento parlamentar. Para eleições, dentre as formações políticas emergentes, apenas a Nova Democracia— União Eleitoral, Quintino Moreira, conseguiu estrear—se na Assembleia Nacional com um deputado.
Em 2012, a Nova Democracia foi extinta, e o Partido Popular para o Desenvolvimento (PAPOD), a Frente Unida para a Mudança em Angola (FUMA) e o Conselho Político da Oposição (CPO) não obtiveram votos acima de 0’5 porcento que os permitiria ter um deputado. Isso mesmo fez com que os dirigentes dessas organizações políticas desaparecessem também do mapa, sem deixar rasto.
Com a sua Nova Democracia extinta, em parte por culpa própria, de 2012 a 2017, o político Quintino Moreira decidiu refazer—se das cinzas e fundou a Aliança Patriótica Nacional (APN), com a qual concorreu, mas ficou longe de obter um assento parlamentar. O único período em que Quintino Moreira esteve verdadeiramente engajado foi de 2008 a 2012.
De lá para cá, só reaparece na fase pré—eleitoral. Se de um lado esse vai e vem na política pode ser visto como sinal de resiliência, por outro lado, é claro sinal de incapacidade de certos políticos de se manterem no caminho que escolherem. Se na verdade, o objectivo principal dos partidos é assumir o poder político, então, em Angola, nem todos têm essa vocação, com excepção dos grandes: MPLA, UNITA e CASA— CE, esta última com algumas (muitas) fissuras.