Skip to content Skip to footer

Oficial de justiça extorquiu Kz 50 milhões para soltar empresário São Vicente

Notícias de Angola – Oficial de justiça extorquiu Kz 50 milhões para soltar empresário São Vicente

Informações todas elas altamente documentas chegadas ao Club-K, indicam que entre Janeiro á Julho de 2022, um elemento de nome José Maria Tchimbaca que se apresenta como “procurador” aproximou-se de membros da família do antigo Presidente AAA Activos Carlos de São Vicente , dizendo que este não iria sair tão cedo por representar uma prisão vigiada pelo Palácio Presidencial e por outro lado oferecer uma solução provisória. A proposta provisória seria soltar o empresário mas em troca conseguir pagar um montante de 50 milhões de kwanzas.

Carlos de São Vicente, está preso desde setembro de 2020, depois de ter sido acusado de praticar crimes de peculato, branqueamento de capital e fraude fiscal, por via de um suposto desvio de 900 milhões de dólares da Sonangol.

Entre 2021 e 2022, o estado de saúde de São Vicente agravou-se devido a problemas graves de diabetes e hipertensão. A esposa e os filhos teriam se transformado para Portugal por questões de segurança alegadas.

Aproveitando-se do desespero dos familiares de São Vicente, o alegado procurador José Maria Tchimbaca aproximou-se destes para propor as condições do aceleramento da soltura provisória do empresário, já que estava-se numa fase em que os prazos da prisão preventiva acabaram mas os oficiais da procuraria diziam que faltava apenas uma assinatura para o soltarem.

Para que assinassem os documentos que permitiriam que São Vicente saísse em liberdade provisória, o alegado procurador José Maria Tchimbaca assumiu o seguinte.

1 – Depósito imediato de 50 milhões de kwanzas e depois da soltura receberia outra parcela.

2 – Que iriam desbloquear as contas do empresário.

3 – Que a esposa Irene Neto, que se encontrou em Portugal não deveria saber das relações.

4 – Que São Vicente também não deveria saber do assunto para não atrapalhar ou interferir.

5 – Que iriam marcar uma audiência com o PGR Hélder Pitta Gros

Inicialmente os familiares de São Vicente, conseguiram revelar reservas quanto às propostas que estavam a ser feitas mas acabaram por ceder depois de José Maria Tchimbaca ter envolvido nome de altos responsáveis ​​e inclusive alegado falaria também com a direcção do Serviço Nacional de Recuperação de Activos da Procuradoria Geral da República, Eduarda Rodrigues.

Os familiares de São Vicente ganharam ainda mais confiança em José Maria Tchimbaca, quando este não se opôs que assinasse uma declaração das entregas dos valores cujas cópias o Club-K teve acesso e reproduziu algumas.

Diante das negociações, os interlocutores de José Maria Tchimbaca explicaram que as contas do empresário foram bloqueadas e que iriam ver uma solução que cingiu-se em empréstimos junto de terceiros. Pro depositado que na medida que arrecadassem mais fundos iriam entregar para que São Vicente beneficiasse então da liberdade provisória.

Os valores foram transferidos para a conta (IBAN AO06 0040 0000 0550 8137 1016 2) de uma empresa Joselem Tchimbaca – Comercio Geral Limitada (NIF 5484019168) cujo titular é José Maria Tchimbaca e sua companheira Helena Alberto. Constituída em agosto de 2017, a empresa Tchimbaca tem a sua sede no bairro Patriota junto ao Popalá.

No primeiro trimestre de 2022, o alegado procurador José Maria Tchimbaca recebeu a última parcela completando um montante de 50 milhões de kwanzas que acompanharam. Por outro lado os familiares de São Vicente foram a saudade do cumprimento da sua parte que foi assinalado por rodeios, e desligamento do telefone.

Em março de 2022, o empresário São Vicente foi condenado a nove anos de prisão efetiva, pelo Tribunal da Comarca de Luanda, e o pagamento de uma indemnização de 500 milhões de dólares. Por outro lado, a família ao notar que os 50 milhões de kwanzas, transferidos para José Maria Tchimbaca foram em vão, exigiram lhe a devolução, o que até ao momento não aconteceu, apesar de ter prometido que o faria.

Segundo apurou o Club-K, a família de São Vicente decidiu abrir uma queixa crime acusando José Maria Tchimbaca pela prática do crime de burla.

No dia 5 de julho de 2022, José Maria Tchimbaca assinou um termo de compromisso de pagamento em que se comprometeu a devolver os valores burlados referentes “á divida contraída de valor recebido em adiantado para devido trabalho não efetuado”, conforme lê-se no documento da sua prestação de contas.

O Club-K, teve pouco hesito em descobrir em que repartição da PGR, o alegado procurador José Maria Tchimbaca trabalha, face as escassas informações sobre o mesmo. A única referência sobre o mesmo encontrada na internet, é de um artigo intitulado “O esquema de extorsão e chantagem” da autoria do investigador Nuno Álvaro Dala em que implica José Maria Tchimbaca, e apresenta como “teste de ferro” da rede do procurador Beato Manuel Paulo que opera junto a uma das câmaras do Tribunal supremo.

As histórias de reclamações segundo as quais altos funcionários do aparelho de justiça estariam a fazer trafico de processos, mereceu uma semana passada a atenção do Presidente João Manuel Gonçalves Lourenço que diante de algumas informações convocou o Presidente do Tribunal Supremo Joel Leonardo para confrontá-lo.

No ano passado, suspeitas de que o diretor do Departamento Nacional de Investigação e Acção Penal (DNIAP) da Procuradoria-Geral da República, Wanderley Bento Mateus, teria sonegado o processo 6763/2022 – DNIAP, envolvendo o Cônsul-Geral de Angola em Lisboa , Narciso Espírito Santo Júnior. Antes pesou sobre o mesmo suspeitas de dependências por parte de uma senhora Teresa Fernanda Antônio Cunha Geraldin, que seguiu e resultou na “detenção” do general Bento Kangamba do MPLA, num sábado.

Fonte: Club-K

Leave a comment

0.0/5