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Luanda Leaks vai investigar Manuel Vicente, Edeltrudes Costa e João Baptista Borges

Destaque – Luanda Leaks vai investigar Manuel Vicente, Edeltrudes Costa e João Baptista Borges

Depois de Isabel dos Santos, o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação ( Luanda Leaks ) que divulgou em Janeiro último mais 700 mil ficheiros sobre a gestão da empresária angolana à frente da Sonangol, pode estender às suas investigações a outras entidades angolanas.

Ao LP, uma fonte do ICIJ revelou a partir de Washington, DC que no olho do furacão poderão estar na próxima investigação prevista para ser divulgada em Outubro, o antigo Vice-Presidente da República, Manuel Domingos Vicente, Edeltrudes Maurício Fernandes Gaspar da Costa, actual Ministro-chefe de Gabinete do Presidente da República e ainda João Baptista Borges, actual Ministro da Energia e Águas.

Esta notícia chega numa altura em que o Serviço Nacional de Recuperação de Activos da Procuradoria-Geral de Angola (PGR) ordenou a apreensão de três edifícios, de escritórios e residenciais, denominados Três Torres, em Luanda. Os prédios, conhecidos como Três Torres e construídos recentemente, incluem a Torre A Escritórios, e Torre B e C Residencial, estão localizados no distrito urbano da Ingombota, em Luanda, capital do país.

Os fundos para a construção dos prédios terão saído da Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola, a Sonangol. Orlando Veloso, ex-diretor da SONIP, é um dos nomes ligados à empresa ROC. O nome de Manuel Vicente, ex-presidente da Sonangol e ex-vice-Presidente do país, é apontado, também, como estando ligado aos edifícios.

 Ex-vice-presidente da República, Isabel dos Santos acredita que foi Manuel Vicente, que, esteve por trás das revelações do “Luanda Leaks”. O actual deputado pela bancada parlamentar do MPLA, esteve no centro de um intenso debate político e judicial, no julgamento que ficou conhecido como processo “Fizz”.

Presidente da Sonangol até 2012, Vicente fez parte do chamado triunvirato que gravitava à volta de José Eduardo dos Santos, juntamente com os generais Hélder Vieira Dias Júnior “Kopelipa” e Leopoldino do Nascimento “Dino”.

É suspeito pelo Fundo Monetário Internacional de ter desviado 32 mil milhões de dólares dos cofres públicos.

Dinheiro Misterioso

Considerado como braço direito de João Lourenço, a origem do dinheiro de Edeltrudes Costa permanece um mistério. Segundo relatos da imprensa portuguesa, o ano 2013 impulsionou o património do actual chefe de gabinete de João Lourenço.  Grande parte da fortuna, que ultrapassa os €20 milhões, vem sendo aplicada em títulos financeiros. Mas algum do dinheiro de Edeltrudes Costa serviu para comprar imóveis em Portugal. Documentos divulgados nas redes sociais  mostram que em abril de 2017 (depois de ter sido afastado por Eduardo dos Santos e antes de ser “repescado” por Lourenço) Edeltrudes transferiu €2,05 milhões para Ariete Faria (ex-mulher), que no mês seguinte comprou uma casa na Quinta da Marinha, em Cascais, por €2,52 milhões.

Ariete Faria é presidente da EMFC Consulting, uma empresa na qual Edeltrudes Costa tem plenos poderes desde outubro de 2015, por conta de procurações que lhe foram entregues pelos quatro sócios da empresa.

A EMFC já fez vários trabalhos com o Estado angolano. Em 2017, facturou ao Ministério da Justiça 20 milhões de kwanzas por assessoria em dois anteprojetos de diplomas. A EMFC ganhou ainda €540 mil com as eleições de 2017, por honorários cobrados à Bosmax Trading, contratada pela Comissão Nacional Eleitoral para fornecer equipamentos para as eleições por um valor equivalente a €9 milhões.

Em 2011 Edeltrudes Costa comprou um apartamento no Panamá, no edifício Trump Ocean Club (actual Marriott Residences), por cerca de 300 mil dólares. O pagamento foi feito através de uma conta na sucursal do BES na Madeira, em nome da Vadin Enterprises Limited, uma offshore das Ilhas Virgens Britânicas.

De acordo com o Semanário Expresso, foi através da Vadin que, em maio de 2012, Edeltrudes Costa comprou à portuguesa Nautiser uma pequena embarcação, do modelo Cobalt 242, por quase €108 mil. Meses depois, em setembro de 2012, Edeltrudes Costa foi nomeado ministro de Estado e chefe da Casa Civil, o mais alto cargo público que o advogado angolano conseguira ao fim de uma década no círculo do poder (começou em 2002 como assessor jurídico do então primeiro-ministro Fernando Piedade Dias dos Santos, 2004 foi promovido a vice-ministro da Administração do Território e posteriormente, Administrador Executivo da extinta ANIP.

Negócios em Família

Considerado como um dos indemissíveis de João Lourenço, João Baptista Borges é um dos membros do actual governo mais contestado, fruto dos escândalos de corrupção que têm abalado o seu sector.  Paulo Borges, o seu filho que estudava em Lisboa, após concluir um mestrado em Engenharia de Telecomunicações, tornou-se, em 2016, um de muitos nomes expostos nos Panama Papers: era acionista de duas offshores, a Valoris International Services, nas Ilhas Virgens Britânicas, e a Mundideias, nas Seicheles.

 Entrou no radar da Autoridade Tributária portuguesa, que começou a analisar cada nome dos Panama Papers com residência em Portugal. Era também sócio de uma homónima Mundideias, com sede em Angola, controlada pela mãe, Ana Cabral Borges.

Esse não era o único negócio de Ana Borges. A mulher do ministro era sócia na empresa Megawatt, criada em 2005 e também participada pelas mulheres de outras duas figuras de proa da política angolana: Efigénia Gonçalves (esposa do ministro dos Petróleos, José Botelho de Vasconcelos) e Telma Inglês Tiago (casada com Adriano Botelho de Vasconcelos, deputado entre 2012 e 2017).

A Megawatt deteve, entre 2009 e 2018, uma participação de 30% na Ambergol, empresa angolana controlada pelas portuguesas Sousa Pedro e J. J. Tomé (esta detida pela francesa Eiffage). E não só a Megawatt era acionista da Ambergol como prestava serviços a esta empresa, que obteve contratos para a construção de linhas elétricas em Angola.

Entre 2011 e 2012, a Megawatt recebeu o equivalente a pelo menos €329 mil da Ambergol. A Ambergol conseguira, em 2011, um subcontrato no valor de €15,7 milhões num projeto liderado pela portuguesa Efacec, com a chancela do Ministério da Energia e Águas (Minea). Também em 2011, a Megawatt prestou serviços à EDEL, onde João Baptista Borges fez carreira, tendo sido seu presidente entre 2005 e 2008, ano em que entrou para o Governo. Em 2019 a Megawatt foi dissolvida.

Recentemente, uma empresa conotada a si (El Sewedy Power), é apontada como tendo ficado com a quota que pertencia a empresária angolana Isabel dos Santos.

C/ LP

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