Notícias de África – Saída de Angola da mediação do conflito na RDC vista como “grande golpe” pela imprensa congolesa
O jornal da República Democrática do Congo, Le Potential, considerou esta segunda-feira, 24, o anúncio da saída de Angola da mediação do conflito entre a RDC e o M23, que conta com apoio, embora não oficial do Ruanda, como grande golpe na busca pela paz no leste daquele país vizinho.
Na matéria intitulada “Progresso ministerial entre a RDC e o Ruanda: Angola retira-se da mediação”, o jornalista Hervé Ntumba, recordou o facto da cimeira conjunta da SADC-EAC, realizada em Fevereiro passado, em Dar es Salaam (Tanzânia), ter recomendado a fusão dos processos de Luanda e Nairóbi.
Assim sendo, três facilitadores foram nomeados no processo de transição: o ex-presidente queniano Uhuru Kenyatta, o ex-presidente nigeriano Olusegun Obasanjo, e o ex-primeiro-ministro etíope Hailemariam Desalegn Boshe.
“Esta decisão angolana representa um grande golpe na busca pela paz no leste da RDC”, lamentou o profissional da comunicação congolesa.
A Presidência da República anunciou, hoje, que Angola deixará a mediação do conflito entre a República Democrática do Congo (RDC) e o Ruanda, após meses de esforços para alcançar a paz na região leste congolesa.
A decisão, de acordo com um comunicado de imprensa a que a Rádio Correio da Kianda teve acesso, foi tomada devido à necessidade de o país focar-se nas prioridades gerais da União Africana (UA), organização da qual assume actualmente a presidência rotativa.
“Apesar da saída da mediação directa, Angola reforçou o seu compromisso com a paz e segurança no continente e declarou que, em coordenação com a Comissão da UA, ajudará a definir um novo mediador para o conflito. Esse processo contará com o envolvimento da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), da Comunidade da África do Leste e de outros facilitadores”, lê-se no documento.
Como pano de fundo da saída de Angola da mediação, está a reunião na passada terça-feira, 18, entre Félix Tshisekedi, e o seu homólogo do Ruanda, Paul Kagame, em Doha, no Qatar, num encontro trilateral organizado pelo Emir Sheikh Tamim bin Hamad Al Thani.
Tal encontro foi recebido por Angola com “surpresa”. Segundo definiu o ministro das Relações Exteriores, a reunião aconteceu sem a anuência da União Africana, tendo lamentado o facto de as partes terem optado por procurar uma mediação não africana para o conflito.