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Banco BPC admite Roubo de 400 Milhões de Kwanzas

Notícias de Angola – Banco BPC admite Roubo de 400 Milhões de Kwanzas

Na sequência da publicação da investigação intitulada “Roubo de 400 Milhões de Kwanzas no BPC”, no dia 23 pelo Maka Angola, na íntegra, o BPC no seu direito respondeu à matéria publicada pelo referido portal em um comunicado. lê-se o seguinte:

O Banco de Poupança e Crédito, S.A, tomou conhecimento da matéria divulgada no vosso portal da internet, relativa ao roubo de 400 milhões de Kwanzas;

Face ao seu carácter e conteúdo, susceptível de induzir em erro o público em geral e os clientes da instituição em particular, vimos por este meio e ao abrigo dos artigos 73.º e 74.º da Lei n.º 1/17, de 23 de Janeiro, Lei de Imprensa, exercer o direito de resposta, nos termos que se seguem:

Confirmamos a ocorrência, num contexto em que o Conselho de Administração não tem poupado esforços para alterar o actual quadro do Banco, que incluí o reforço dos sistemas de controlo interno e a consciencialização dos recursos humanos, na disciplina laborar dos colaboradores, na observação dos mais elevados padrões e princípios éticos e de conduta moral que devem caracterizar o perfil do trabalhador Bancário.

A fraude ocorreu na noite do passado dia 17 de Abril (sexta feira), tendo sido detectada na manhã do dia 20 (segunda feira), na sequência dos alertas e controlos implementados nos sistemas de auditoria. Dada a natureza da fraude e o modus operandi, foi necessário um exercício aturado envolvendo as áreas que compõem o Sistema de Controlo Interno do Banco, o que permitiu identificar com relativa tempestividade os beneficiários desses movimentos fraudulentos e a sua origem, cativar parcialmente os valores subtraídos e em estreita colaboração com outros Bancos, foi igualmente possível bloquear alguns valores relacionados com esta fraude, para aí transferidos.

A queixa crime foi apresentada as autoridades judiciais competentes logo no dia 21 (terça feira), tendo na ocasião sido arrolados os principais suspeitos, cujos detalhes, naturalmente, não podemos divulgar para não comprometer o trabalho de investigação e violar os direitos fundamentais, mas podemos assegurar que temos mantido, desde essa altura, uma estreita colaboração com esses órgãos, no sentido de identificar e responsabilizar civil e criminalmente todos os elementos envolvidos nesta trama.

Apesar de reconhecermos a existência de algumas fragilidades e vulnerabilidades no sistema informático, mas no caso concreto desta ocorrência, é importante referir que só foi possível concretizar-se, devido a conivência de trabalhadores desonestos, que insistem em adoptar práticas lesivas à instituição, quebrando procedimentos instituídos e quando isso acontece, pouco ou nada pode ser feito para evitar fraudes. A esses trabalhadores, além da queixa crime, foi igualmente instaurado um processo disciplinar.

O Banco possui um universo de cerca de 5 mil trabalhadores, cujo processo de recrutamento e de gestão dos recursos humanos, nem sempre foi baseado em critérios objectivos e transparentes, assentes na competência tanto técnica quanto comportamental, no mérito e no desempenho, com o fim último de recrutar talentos com perfil adequado ao exercício da actividade bancária, evitar o conflito de interesses e inclusivamente proteger o seus activos de furtos e fraudes pelos próprios colaboradores.

Essas regras e critérios foram preteridos   ao longo dos anos, induzindo à práticas reiteradas, contrárias à ética e ao normal funcionamento duma instituição bancária e, naturalmente, a inversão desses valores e da cultura organizacional constitui-se em mais um dos muitos desafios que a Administração tem enfrentado.

Para além das medidas de redimensionamento que estão previstas, tem-se feito um esforço na moralização e formação da força de trabalho, reforçando as suas competências técnicas e comportamentais. De referir ainda, no domínio do capital humano, que dado a apetência de alguns colaboradores quebrarem os procedimentos e as normas instituídas, envolvendo-se em práticas fraudulentas e falsificação, temos sido implacáveis na aplicação de medidas disciplinares e sempre que os incidentes configurem a prática de crime, têm sido feitas as participações criminais junto às autoridades competentes.

Esta “mão pesada” para além do seu cunho disciplinar, tem também o fito de desencorajar outros colaboradores a aderirem a estas práticas menos correctas que, geralmente, resultam em “desgraça familiar” decorrentes do despedimento disciplinar e da reputação social dos visados.

O reforço dos sistemas de controlo interno, é outra das prioridades estratégicas do Conselho de Administração, plasmado no Plano de Recapitalização e Reestruturação do Banco, que passa pela melhoria dos sistemas de informação e de governação corporativa, pelo reforço das competências do capital humano, gestão de riscos e pela optimização dos processos.

Nos últimos 12 meses, foram introduzidas alterações significativas no sentido da melhoria da segurança dos sistemas de informação do Banco, nomeadamente por via da formalização do Gabinete de Segurança da Informação, como unidade autónoma da Direcção de Informática, da retirada de determinadas autoridades que estavam atribuídas às áreas comerciais, transferindo-as para áreas de back office e a adequação de vários processos de controlo interno, tendo daí resultado a redução significativa daquelas ocorrências, nomeadamente as resultantes de emissão fraudulenta de cartões e de injecção de recursos em contas, por via de descobertos.

Por outro lado, está em fase conclusiva, o processo de contratação duma entidade especializada, que irá ajudar-nos na operacionalização do referido Gabinete e na capacitação da respectiva equipa, na criação dum Centro de Operações de Segurança baseado em padrões internacionais, bem como na melhoria da gestão dos perfis de acessos de utilizadores e integrações dos sistemas.

Em consequência, não é verdadeira a informação segundo a qual os “assaltantes procederam ao apagamento do registo de acessos (login)”, porquanto, os log’s desta fraude estão acessíveis e podemos garantir que dispomos de todas as evidências sobre o modus operandi utilizado, bem como todos os detalhes relacionados ao evento, que foram partilhados com as autoridades competentes.

Todo este esforço na busca duma maior segurança, acaba por redundar, em muitos casos, na perda de eficiência dos processos, daí que a solução para os problemas, passa necessariamente pela substituição da solução informática do core bancário e da infraestrutura tecnológica, que pela sua antiguidade, falta de manutenção e actualização, sobretudo ao longos dos últimos anos, conduziu a fragilidade, vulnerabilidade e ineficácia do sistema informático.

Lamentavelmente, a substituição do actual core bancário, um projecto iniciado pela anterior administração, envolve enormes recursos financeiros e um investimento considerável, que ainda deve levar mais um ano a entrar em produção.

Trata-se de um projecto que tem enormes desafios para o banco, para os trabalhadores e também para os próprios clientes, na medida em que além da dimensão do projecto em si, teremos que lidar com a complexidade e sensibilidade do processo de migração das bases de dados, a substituição de todas as rotinas de trabalho, com novos fluxogramas, nova estrutura de contas bancárias, emissão de novos cartões, novos cheques e perfis de acessos aos sistemas electrónicos, tudo isto para os cerca de 6 milhões de clientes que o banco possui.

Relativamente aos clientes referenciados cujas contas supostamente terão sido envolvidas em fraudes, devido ao dever de sigilo bancário e de confidencialidade, não podemos partilhar os detalhes, contudo, importa referir que perante constatações efectuadas no âmbito dos controlos implementados ou reclamações apresentadas por clientes, o Banco tem despoletado de imediato processos de auditoria e inspecção, no sentido de salvaguardar os depósitos dos clientes, apurar responsabilidades e punir disciplinarmente os trabalhadores implicados de forma exemplar, além da respectiva participação criminal envolvendo a indicação dos beneficiários dos valores defraudados.

Em conclusão, o Conselho de Administração reitera o compromisso firme de continuar a desenvolver esforços no sentido de inverter o actual quadro do Banco, conferindo-lhe maior sustentabilidade económica e financeira, reforçando os sistemas de controlo interno, aperfeiçoando a  gestão de riscos e melhorando o nível de prestação de serviços e, desta forma, continuar de modo sustentável, a desempenhar um papel importante no apoio às empresas e às famílias Angolanas.

BPC, O seu Banco de sempre.

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C/ MA

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