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Angola pagará dívidas à China com entrega de petróleo

Notícias de Angola – Angola pagará dívidas à China com entrega de petróleo

Governo angolano poderá vir a negociar a entrega direta de carregamentos de petróleo no alto mar à China para amortizar parte da dívida de 22 mil milhões de dólares. Mas recusa a cedência de ativos estratégico como está a acontecer noutros países africanos igualmente devedores do Estado chinês

Angola admite vir a negociar a entrega à China de carregamentos de petróleo no alto mar na posse de traders que, devido a paralização da economia mundial provocada pela pandemia da covid-19, não conseguem colocar no mercado, soube o Expresso junto de uma fonte da Sonangol. Com esta operação, as autoridades angolanas pretendem antecipar junto de Pequim a amortização de parte de uma dívida de 22 mil milhões de dólares.

Para além da gradual liquidação do empréstimo chinês, o gesto serve também de alívio à pressão que, nos últimos tempos, tem estado a ser exercida sobre Angola pelo governo e entidades de bancárias chinesas, nomeadamente o Banco de Desenvolvimento da China, o maior credor. “Precisamos de lhes dar sinais claros de seriedade”, disse fonte governamental. “Será uma negociação entre amigos com respeito mútuo”, assegurou ao jornal “Valor”, o embaixador da China em Angola, Gong Tao.

Com esta decisão, Angola satisfaz uma exigência considerada inegociável para credores chineses que “não estão dispostos a abrir mão do petróleo como moeda de pagamento da dívida”.

Apesar do aperto financeiro que vive a economia, as autoridades angolanas garantem estar afastado qualquer risco da China poder vir a apoderar-se de alguns dos seus ativos estratégicos, contrariamente ao que está a acontecer com outros países africanos como o Quénia, a Zâmbia e a República Democrática do Congo.

“O nível de incumprimento destes países nada tem a ver com o nosso que, para além de não haver da contraparte nenhuma exigência dessa envergadura, assegura o petróleo como colateral para o maior banco financiador de Angola”, disse ao Expresso fonte do Ministério das Finanças.

Mas, se Angola prepara-se para tranquilizar os credores chineses, já não consegue contornar e muito menos travar os efeitos do choque pandémico na atividade das sondas petrolíferas estacionadas ao largo da sua costa marítima.

Confrontadas com restrições de mobilidade e com a redução da produção mundial de petróleo imposta pela OPEP, algumas das maiores companhias petrolíferas a operar em Angola viram suspensos diversos contratos adjudicados às suas sondas.

Com este rude golpe nos seus planos, multinacionais como a Chevron e a Total decidiram retirar as sondas de Angola transferindo-as provisoriamente para a Namíbia. Para esta decisão terão concorrido também os custos elevados cobrados por Angola para a manutenção das sondas petrolíferas no seu espaço marítimo.

“Nesta fase é natural que as companhias petrolíferas prefiram estacionar as suas sondas na Namíbia onde poupam anualmente mais de 1 200 mil dólares, mas esta é uma situação que já nos está a levar a reaquacionar a problemática do preço dos combustíveis em Angola para podermos concorrer com custos mais baixos”, disse fonte da petrolífera angolana.

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