O governo angolano encontra-se em negociações com os responsáveis da Volkswagen e Ford, duas das grandes principais marcas de automóveis do Mundo, com intuito de abrir linhas de produção em Angola.
Com essas negociações, lideradas pela Sociedade de Desenvolvimento da Zona Econômica Especial (ZEE) Luanda-Bengo, pretende-se montar localmente e deixar as importações dessas marcas para trás, para além de reduzir no desemprego.
António Henriques da Silva, presidente da Zona Econômica Especial, numa entrevista à Angop nesta quinta-feira 10, disse que, pretende-se, ainda, aumentar o raio de exportação dessas empresas no Mundo.
Com o acordo feito, a produção local dessas marcas trará o surgimento de empresas de produção de peças sobressalentes no país.
António Henriques da Silva viajará, nos próximos dias, para a África do Sul, onde terá encontros com os responsáveis da Volkswagen.
A eventual instalação dessas marcas de referência no país servirá de “chamariz” para que outras empresas de referência mundial possam instalar-se em Angola e contribuírem para a diversificação da economia.
“O importante é arrancar e criar confiança da nossa capacidade de acolhimento deste tipo de atividades e melhorar o ambiente de negócios, que passa pela existência de um quadro legal e benefícios fiscais favoráveis”, sublinhou.
Referiu que o processo negocial já decorre há um bom tempo, daí a necessidade de uma dinâmica para que a iniciativa seja concretizada, tendo em conta o papel que estas unidades industriais podem desempenhar na economia do país.
Novas indústrias na ZEE
Três promotores de investimentos assinaram, em finais de 2018, com a Sociedade de Desenvolvimento da Zona Econômica Especial Luanda-Bengo, contratos de investimentos para projetos de fábricas de fogões, eléctrodos, malha sol, tubos de ferro, detergentes e lacticínios, assim como uma linha de montagem de automóveis.
Como resultado da comercialização de direitos de superfície a estes investidores, a ZEE Luanda-Bengo, arrecadou cerca de um mil milhões e 700 milhões de kwanzas, para implementação dos referidos projetos, cujos investimento estão estimados em 11 mil milhões, 936 milhões, 611 mil e 962 kwanzas (USD 33,8 milhões), o que vai permitir a geração de mil e 210 empregos.
As fábricas, de acordo com a fonte, entrarão em funcionamento dentro de dois anos.
Com 281 unidades industriais instaladas, dos quais 131 operacionais, a ZEE Luanda-Bengo arrecadou, em 2018, um total de 2,4 mil milhões de kwanzas, resultado da comercialização de espaços infra-estruturados, cobrança de taxas de exploração e outros serviços.
Em comparação com os períodos homólogos observa-se uma disparidade em termos de números, visto que em 2017 foram arrecadados 610 milhões de kwanzas e 2016, um valor de 476 milhões de kwanzas.
“Nota-se um movimento positivo. Quando analisados estes dados denota que tivemos uma subida quantitativa positiva e demonstra que com maior empenho os resultados podem ser ainda melhor”, referiu, ao sustentar que com estes resultados está a ser possível pagar dívidas acumuladas com fornecedores, no valor de 150 milhões de kwanzas.
Indústrias paralisadas serão privatizadas
Pelo menos 52 unidades fabris de vários ramos, das 281 que estão paralisadas na Zona Econômica Especial Luanda-Bengo, serão privatizadas, a partir deste ano, um processo que está em curso e conduzido pelo Ministério das Finanças através do IGAP- Instituto de Gestão de Ativos e Participações do Estado.
Em avançar detalhes, o gestor da ZEE Luanda-Bengo, o processo vai começar com a privatização de um total sete indústrias a serem anunciadas em breve.
“É um bom sinal, porque vai passar para um quadro de inoperância para um quadro operacional e com um reflexo positivo que vai gerir empregos e receitas para a economia nacional”, sublinhou.
Em termos de infra-estruturas, disse que o espaço dispõem de condições adequadas para a implementação de projetos industriais, faltando um trabalho de melhoria da qualidade da energia fornecida, tendo em conta os custos operacionais que resultam da utilização de energia alternativa que acabam por ter reflexos na completividade dos produtos.
Dada a importância daquele espaço, o Presidente da República, João Lourenço visitou no dia 15 de Agosto de 2018, inteirou-se sobre o estado atual do Pólo, com vista a dar um novo impulso à Zona Econômica Especial (ZEE) Luanda- Bengo, mediante a implementação de políticas mais eficientes.
O Presidente constatou, na altura, o funcionamento da Vedatela, Mangotel, Ninhoflex, Mecametal, Medvida, Angola Cabos, Galvanang, Coticash, Inducarpim, MTBT, Indupackage e a CSG que se dedicam, respectivamente, à fabricação de torres metálicas, colchões, peças metálicas, material de apoio hospitalar, produção de cabos eléctrico e montagem de automóveis.
Criada em 2009, a ZEE Luanda-Bengo, com oito mil hectares e uma área infra-estruturada de 421 hectares, é um espaço fisicamente demarcado dotado de benefícios fiscais e vantagens competitivas.
Conta com infra-estruturas adequadas à instalação de empresas, nacionais e estrangeiras, capazes de fomentar a produção interna, a geração de emprego, com competitividade e inovação.
A ZEE Luanda-Bengo é propriedade do Estado, compreende vinte e uma (21) reservas flexíveis, sendo sete (7) Reservas Industriais, seis (6) Reservas Agrícolas, e oito (8) Reservas Mineiras, distribuídas entre os municípios de Viana (oito mil hectares), Cacuaco (vinte mil hectares) e Icolo e Bengo (trinta mil hectares), na província de Luanda, e nos municípios do Dande e Ambriz (total de cento e vinte mil hectares), na província do Bengo.
A ZEE poderá contribuir para a redução das importações de produtos essenciais para o desenvolvimento nacional, criação de uma plataforma de geração de empregos e diversificação da economia, absorção de conhecimento, a possibilidade de sinergias resultantes da sua localização geográfica privilegiada, veículo para a promoção de exportação, mediante a atracão de novos investimentos, entre outros.
Entre 2011 e 2014, foram investidos pelo Estado, através da Sonangol, 472 milhões e 953 mil dólares para a infra-estruturação, enquanto os custos relativos ao funcionamento foram de 385 milhões e 779 mil dólares a que se adicionaram 8 milhões e 165 mil dólares.
Na ZEE funcionam unidades fabris ligadas à metalomecânica, embalagens metálicas, torneiras, sacos de plástico, galvanização e pavilhões metálicos, fabrico de mobiliários, colchões, entre outros.