Notícias de Angola – 80% de reprovações em concurso da AGT gera dezenas de reclamações
Dezenas de candidatos ao Concurso Público de Promoção às Categorias de Despachante Oficial e Ajudante, lançado pela Administração Geral Tributária (AGT), contestam os resultados, da primeira fase, invocando “falta de rigor” na elaboração das perguntas, que redundou no chumbo de 80% dos que fizeram a prova escrita. Dos 589 candidatos que fizeram a prova escrita apenas 117 passaram à fase seguinte, a prova oral, um número que a própria AGT admite ser insuficiente, razão pela qual “procederá à realização de um novo concurso”, em 2023, dada a importância destes profissionais na ca[1]deia do comércio internacional.
Os resultados da prova escrita foram publicados no sábado, no Jornal de Angola, e desencadearam rapidamente uma chuva de críticas. Os que “reprovaram” queixam-se de “falta de rigor” na elaboração da prova, que acabou por funcionar como uma “armadilha”, para a esmagadora maioria dos aspirantes à categoria de despachante oficial. A prova de múltipla-escolha apresenta uma pergunta e várias respostas, entre as quais o candidato só pode escolher uma. Acontece que em várias perguntas, mais do que uma resposta pode ser considerada correcta, alegou um dos candidatos “chumbados” ao Expansão, apontando exemplos.
Provas com enunciados diferentes
Outra das reclamações prende-se com desconformidades nas provas. Há casos em que um candidato que acedeu à prova pelo computador não teve acesso ao mesmo enunciado que um candidato que usou um telemóvel, como mostraram ao Expansão, com recurso a vários print-screen. As diferenças na formulação das perguntas dificultaram a selecção da resposta. Todas estas dificuldades funcionaram como “rasteiras”, que deixaram um número elevado de candidatos pelo caminho, muitos com notas muito baixas.
Dos 117 candidatos que passaram à prova oral apenas quatro obtiveram 13 valores, a nota máxima. Treze obtiveram 12 valores, 17 ficaram-se pelos 11 valores e os restantes 83 passaram à fase seguinte com 10. “Parece que os aspirantes a despachantes e ajudantes de despachantes são todos incompetentes, quando os técnicos que elaboraram a prova é que foram negligentes”, queixa-se outro candidato entre a meia centena que prepara contestação ao concurso.
No WhatsApp já se formaram grupos, para se ajudarem uns aos outros a preparar a contestação a um concurso pelo qual dizem ter esperado mais de 10 anos. O último concurso de promoção às categorias de despachante oficial e ajudante de despachante foi realizado em 2010, segundo informou a comissão do júri, presidido por Nerethz Tati, administradora da AGT, em resposta a perguntas enviadas pelo Expansão.
C/ Expansão