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Petróleo: Preço do Barril em alta com nova subida para 95,45 USD

Economia Mundial – Petróleo: Preço do Barril em alta com nova subida para 95,45 USD

Os mercados petrolíferos vivem por estes dias num turbilhão de fenómenos raros que fazem com que os 100 USD por barril estejam a ser olhados pelos analistas mais pragmáticos como a base a partir da qual o mundo vai observar uma escalada sobre a qual se conhece o ponto de partida mas, como nas guerras, ninguém pode prever como vai acabar.

Hoje, o barril de Brent, vendido em Londres mas que determina o valor médio das ramas exportadas por Angola, abriu a bater mais um recorde dos distantes primeiros meses do ano de 2014, que foi o ponto de partida para uma das históricas perdas de valor do crude em largas dezenas de anos, que só viria a ser travada depois de chegar abaixo da casa dos 30 USD dois anos, depois, em Fevereiro de 2016.

Ao bater nos 95,45 USD, o barril de Brent reflectia, em primeira instância, a instabilidade político-militar que se vive no leste europeu, onde a presença de milhares de militares russos junto à fronteira com a Ucrânia, que os membros da NATO, a organização norte-atlântica que junta europeus e norte-americanos desde 1947, dizem ser a antecâmara de uma invasão mas que Moscovo refuta, garantindo que se trata de proteger os interesses vitais nacionais e das populações russas nas regiões ucranianas fronteiriças de Donetsk e Luhansk, onde a maior parte da população é russa.

Mas, numa segunda linha de análise, o que os mercados reflectem é a sequência de uma eventual deflagração de um conflito militar no leste europeu, que deixaria, sem que se saiba durante quanto tempo e em que medida, se parcialmente, se integralmente, o segundo maior produtor de crude do mundo – o primeiro são os EUA – e o segundo maior exportador – o primeiro é a Arábia Saudita – fora dos mercados.

Esta possibilidade é de extrema gravidade porque, nos dias de hoje, a oferta da matéria-prima não corresponde à procura, numa economia global que reflecte o fade out da pandemia da Covid-19 e, como se esperava, ganha nova tracção com o fim dos confinamentos, a abertura das fronteiras, a retoma da aviação comercial quase em pleno e com os transportes marítimos quase a 100% de novo.

Isto, porque a OPEP+, organização que desde 2017 junta os 13 Países Exportadores (OPEP) a 10 não-alinhados liderados pela Rússia, de forma a manter os mercados em equilíbrio face às dramáticas perdas de valor do crude, que se acentuaram com o advento pandémico no início de 2020, mantém um programa conservador de retoma da produção face aos cortes realizados aquando da dispersão do novo coronavírus a partir da China para o resto do mundo, de 400 mil barris diários acrescentados mensalmente, mas com metas que não está a conseguir cumprir.

Ao não ser capaz de preencher as quotas distribuídas pelos países membros, como é o caso de Angola, um dos que não está a aproveitar a sua parte no aumento de produção devido à contínua degradação da sua infra-estrutura produtiva – em menos de uma década, Angola passou de 1,6 milhões de barris por dia (mbpd) para os actuais 1,1 mbpd -, a OPEP+ está a deixar os mercados com os nervos à flor da pele, especialmente numa altura em que a procura dispara e os riscos de agravamento do contexto mundial, com a crise no leste europeu, se torna um pesado fardo para o qual o mundo não estava ainda preparado devido a dois anos de crise severa que danificou o seu tecido económico.

NJ

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